Deputado da Guiné-Bissau Agnelo Regalla ferido a tiro após ataque junto da sua residência
Regala faz parte da União para a Mudança, partida da oposição, que se integra no Espaço de Concertação dos Partidos Democráticos guineenses, que esta semana criticou o envio de uma missão militar da CEDEAO.
O deputado guineense Agnelo Regalla foi este domingo vítima de um ataque junto à sua residência em Bissau, Guiné-Bissau, tendo sofrido ferimentos numa perna na sequência de disparos feitos contra si, confirmou à Lusa o próprio. “Levei um tiro e foram disparados quatro”, disse o também líder da União para a Mudança e proprietário da Rádio Bombolom.
Agnelo Regalla contou à Lusa que estava no passeio juntamente com um vizinho quando foram feitos os disparos. “Passou uma viatura ao fundo da rua e, quando desceu a rua, disparou a primeira bala. Baixei-me e comecei a fugir e foram disparados mais três tiros”, disse.
A União para a Mudança, na oposição no Parlamento da Guiné-Bissau, faz parte do Espaço de Concertação dos Partidos Democráticos guineenses, que esta semana afirmou que o incumprimento da lei para o envio de uma missão militar para o país pode configurar uma invasão pelas forças da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O Espaço de Concertação “condenou sem reservas os sinais de desprezo e desconsideração à soberania da República da Guiné-Bissau por parte das entidades promotoras e autoras da decisão” e exortou a CEDEAO a respeitar os princípios fundamentais que sustentam a organização.
O Espaço de Concertação exigiu que a “Assembleia Nacional Popular seja ouvida e a sua resolução levada em conta na determinação do mandato e constituição de qualquer eventual força a estacionar” no país.
A CEDEAO anunciou o envio de uma missão militar de interposição para a Guiné-Bissau em Fevereiro, na sequência de um ataque contra o Palácio do Governo, quando decorria uma reunião do Conselho de Ministros, em que participavam o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.
A força começou a chegar ao país na semana passada, mas o porta-voz do Governo e ministro do Turismo guineense, Fernando Vaz, remeteu mais pormenores para a cimeira dos chefes das Forças Armadas da CEDEAO, que vai decorrer este mês no Gana.
Fontes militares confirmaram à Lusa que a força de estabilização será composta, “num primeiro momento”, por 631 militares. O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou na África do Sul, que a força é composta por elementos do Senegal, Nigéria, Gana e Costa do Marfim.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português emitiu este domingo uma nota a “condenar o acto de violência contra o deputado Agnelo Regalla”.
“O livre exercício da democracia deve ser garantido por um ambiente de segurança e liberdade”, lê-se numa mensagem publicada no Twitter pelo ministério liderado por João Gomes Cravinho.