FC Porto campeão: Zaidu deu um gosto especial à festa
Lateral nigeriano marcou o golo do triunfo do FC Porto na Luz sobre o Benfica por 1-0. Meia-hora antes, Darwin teve um golo anulado por dois centímetros.
Há 11 anos, a festa do título foi às escuras e molhada. Apagaram-se as luzes, ligou-se o sistema de relva, mas o FC Porto festejou à mesma. Neste sábado, os portistas voltaram a festejar o título de campeão na Luz, mas com a claridade proporcionada por um final de tarde luminoso em Lisboa, e com o brilho suplementar de uma vitória sobre o Benfica, por 0-1. Um empate bastava para que o “dragão” fechasse em definitivo as contas da luta pelo título, mas um golo de Zaidu, quase a fechar o jogo, deu outro sabor aos festejos que se seguiriam em pleno relvado para Sérgio Conceição e todos os outros, para celebrar o 30.º título da história portista e o terceiro somado nos últimos cinco anos.
No relvado, foi uma festa curta para os portistas. Nem meia-hora permaneceram no relvado da Luz, enquanto os adeptos por lá ficaram num dos topos, a ouvir uma selecção dos melhores êxitos benfiquistas, provavelmente todos com um enorme sorriso e a antecipar a noite de celebrações que se iria seguir. A verdadeira festa seria longe dali. Estava apenas a começar.
Depois de perder a oportunidade de celebrar há duas semanas, com a derrota em Braga, o FC Porto não queria esperar mais. Queria festa e queria já. O Benfica, “condenado” ao terceiro lugar, só queria que o rival levasse a festa para outro lado. Para isso teria de ganhar ao líder no seu último jogo da temporada na Luz, algo que esteve bem longe de fazer nos outros dois “clássicos”.
Nélson Veríssimo dizia que o Benfica não era só transições em jogos difíceis e os primeiros minutos deram-lhe razão. Os “encarnados” procuraram ter posse de bola e controlar os ritmos, perante um FC Porto mais cauteloso, menos assertivo do que costuma ser. E as duas surpresas que o técnico “encarnado” lançou no “onze”, Lázaro e Gil Dias, bem contribuíram para o domínio inicial do Benfica. Mas era um domínio estéril, que não se traduzia em oportunidades ou remates, e que não durou muito tempo.
Mesmo sem ter entrado particularmente bem no jogo, foi o FC Porto a criar a primeira situação de golo, aos 15’. Otávio lançou a bola na direcção de Taremi, o iraniano ficou isolado perante Vlachodimos, mas foi o internacional grego a ganhar o duelo, com uma excelente saída e mancha no limite da grande área. Isto foi o mais perto que qualquer uma das equipas esteve perto do golo durante uma primeira parte equilibrada, mas muito pouco espectacular. O Benfica tinha vontade de atacar em construção e o FC Porto até lhe dava algum espaço para o fazer, mas chegava ao último terço e bloqueava.
Sem mais nada para contar da primeira parte, avancemos para um segundo tempo que foi bem mais interessante e que começou de imediato com outra boa oportunidade de golo para o FC Porto. Ainda nem um minuto tinha passado e já Evanilson estava a alvejar a baliza do Benfica, mas Vlachodimos voltou a evitar o golo portista com mais uma excelente defesa.
Este era o raro contexto em que o FC Porto se contentava em entregar o jogo ao adversário — pela primeira vez em toda a época, não teve domínio na posse de bola. E o Benfica, mesmo com todas as dificuldades que tinha em ataque organizado, tentava alternar com transições rápidas para aproveitar Darwin Nuñez, até então pouco solicitado.
Aos 52’, a Luz celebrou. Otamendi teve a visão para colocar uma bola longa na área do FC Porto e Darwin fez o resto. Recebeu a bola, dominou-a, tirou Mbemba do caminho e rematou para a baliza, completamente fora do alcance de Diogo Costa. O uruguaio até tirou a camisola para festejar aquele que seria o seu 27.º golo no campeonato — por isto, o árbitro Hugo Godinho mostrou um cartão amarelo ao uruguaio. E a bola já estava no centro do terreno quando a informação chegou aos ouvidos do árbitro vinda da Cidade do Futebol: Darwin estava fora-de-jogo no momento do passe. Por dois centímetros.
O balão benfiquista esvaziou-se no momento em que o resultado foi revertido para 0-0. Veríssimo foi metendo mais corpos no ataque (Seferovic, Yaremchuck, João Mário), mas o discernimento foi sendo cada vez menor. Os minutos foram passando e a festa com empate parecia cada vez mais uma evidência. Até que o jogo chegou aos 90’ e, numa transição rápida, o FC Porto furou por um meio-campo benfiquista despovoado. Pepê correu o campo todo, chegou à área e meteu em Zaidu, que se tornou no herói improvável. Não do título (que já estava bem seguro), mas da festa com sabor especial.