Fitch mantém rating para Portugal e sobe perspectiva para “positiva”

Agência continua a classificar o nível de investimento da dívida soberana portuguesa de “BBB”, na primeira avaliação após as eleições legislativas de Janeiro.

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João Leão foi sucedido por Fernando Medina no Ministério da Finanças em Março passado Nuno Ferreira Santos

A agência de notação Fitch reviu em alta o “outlook” para a dívida soberana de Portugal, para “positivo”, uma melhoria face à anterior avaliação de “estável” que já vinha de Novembro passado, após a anterior proposta de Orçamento do Estado para 2022 ter sido chumbada no Parlamento. O rating manteve-se contudo sem alteração, na avaliação da Fitch conhecida esta noite, continuando assim com notação de “BBB”.

Para a Fitch, as consequências para as finanças públicas da pandemia têm sido em Portugal “menos graves do que na maioria dos pares europeus, e embora o rácio da dívida seja elevado, está numa firme trajectória descendente”.

“Uma recuperação económica mais forte do que se esperava e um grau de contenção de gastos na resposta do Governo à pandemia levaram a melhores resultados fiscais em relação à média da zona euro”, acrescenta a agência, que sublinha que “o défice orçamental de Portugal atingiu 2,8% do PIB em 2021 (contra 5,8% em 2020), significativamente melhor que o objectivo do Governo de 4,3% do PIB, e inferior ao défice médio na zona euro”.

A Fitch estima agora que “a economia portuguesa se expanda 4,3% em 2022 (contra 4,9% em 2021), apesar do choque do aumento dos preços da energia” e do impacto que terá a guerra da Ucrânia no crescimento da zona euro. A agência revê assim, no sentido descendente, o crescimento de 2022 para o país em 1,1 pontos percentuais, devido ao que classifica como “desafios de uma inflação mais elevada e estrangulamentos na cadeia de abastecimento”.

Para a entidade norte-americana, “o ambiente externo incerto representa um risco negativo para Portugal no segundo semestre de 2022, mas as perspectivas a médio prazo para a economia continuam a ser largamente positivas”, fruto do “'pipeline’ dos fundos da Próxima Geração da UE [Plano de Recuperação e Resiliência] e o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) para 2021-202”.

Em reacção, o Ministério das Finanças, que desde Março é liderado por Fernando Medina, afirmou em comunicado que “depois da DBRS, esta é a segunda agência a melhorar este ano a perspectiva para a dívida do país, o que acontece num contexto de elevada incerteza na economia global, resultante, em parte, da invasão russa da Ucrânia”.

“A decisão da Fitch reforça a credibilidade financeira de Portugal e confirma a importância de continuarmos a implementar políticas que combinem a recuperação da economia, a sustentabilidade das contas públicas e uma estratégia de redução da dívida pública”, sublinha Fernando Medina, citado na nota enviada às redacções esta noite pelas Finanças.

Na lista de riscos que podem ameaçar o crescimento, a Fitch destaca a energia, onde Portugal estará todavia menos exposto que outros países da UE: “será de esperar que Portugal seja relativamente menos afectado do que outros países da UE pelo impacto directo de um choque no fornecimento de energia, dada a sua baixa dependência da energia russa”.

“No entanto”, sublinha, a subida dos preços globais da energia “exerceriam um abrandamento significativo sobre o crescimento de Portugal”, não sendo a economia nacional “imune aos efeitos indirectos do conflito” provocados pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Do lado positivo, contrapõe que o recente “acordo político assinado a 27 de Abril entre a Comissão Europeia, Portugal e Espanha para um limite máximo de preços de electricidade” no mercado grossista “pode contribuir para baixar os custos da electricidade”.

E falando de preços, a Fitch nota que o grau “relativamente elevado de importação de produtos alimentares e bens industriais não energéticos de Portugal também deixa a inflação vulnerável às perturbações do abastecimento global e aos preços mais elevados das matérias-primas”. Internamente, prevê, “o risco do aumento das pressões inflacionistas” pode advir do mercado de trabalho e da recuperação do sector dos serviços.

Afirmando que a TAP e o Novo Banco ainda se apresentam como riscos potenciais, a agência de notação financeira lembra que “embora se preveja que o rácio da dívida de Portugal se mantenha numa trajectória descendente, com 127,4% (em 2021)”, ele “continua a ser o terceiro mais elevado da Europa, e significativamente acima do actual rácio médio dos pares da categoria “BBB” (55,3%)”.

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