Sereias e este grito que se liberta: “É hora, agora!”
São um colectivo em construção permanente, um grito insurrecto, um desejo de (outro) futuro. Por vezes acontecem coisas assim e algo irrompe como reflexo inescapável de um tempo e de um lugar. Eis Sereias e o seu segundo disco, que agora nos chega, granada sonora pronta a ser utilizada contra o confortozinho burguês, o entediado mal-estar contemporâneo. 2022 será dele.
A conversa vai longa, está quase a chegar ao fim. Antes da despedida, João Pires faz uma confissão. “Gostava de arranjar um daqueles megafones de campanha e meter-nos num carro. Sempre que passássemos por uma localidade, o [António] Pedro [Ribeiro] declamava um poema. Intervenção directa”. O baterista está a projectar uma imagem, qual sketch de humor interventivo, mas a imagem que evoca diz algo preciso sobre a banda que lhe nasceu há cerca de meia década quando, regressado de Londres, onde vivera vários anos, se juntou no Porto ao amigo de longa data Tommy Hughes, baixista, e à volta do duo começaram a agrupar-se músicos, não músicos, poetas tornados vocalistas, performers improvisados, xamãs urbanos, videastas punk com banco de imagens generoso.
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