Moacyr Luz e Pierre Aderne ao vivo no Coliseu e num disco que estão a gravar em Lisboa
Cantores e compositores brasileiros, promotores de conhecidos encontros de artistas, Moacyr Luz e Pierre Aderne estarão juntos este domingo no palco do Coliseu de Lisboa, em mais uma sessão da Rua das Pretas, para estrearem canções de um disco que estão a gravar em Lisboa.
Quem não conhece Moacyr Luz, não sabe o que perde. Cantor e compositor, nascido no Rio de Janeiro em 5 de Abril de 1958, autor de músicas gravadas por dezenas de cantores como Beth Carvalho, Maria Bethânia, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Leila Pinheiro ou Fafá de Belém, criou há quase duas décadas um encontro de músicos a que chamou O Samba do Trabalhador, a partir do Clube Renascença de Vila Isabel, no Rio. Desde então, O Samba do Trabalhador não parou, tornando-se uma referência para o samba contemporâneo e para os seus criadores.
Pois Moacyr Luz está agora em Lisboa, a gravar um disco conjunto com Pierre Aderne, criador e animador do projecto Rua das Pretas, que ao longo de mais de uma década tem reunido músicos brasileiros, africanos e portugueses numa frutífera troca de experiências, similar à d’O Samba do Trabalhador de Moacyr. Este domingo vão estar juntos no palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em mais uma sessão da Rua das Pretas (às 21h), para mostrarem canções “compostas remotamente entre Copacabana e Alfama” e que farão parte do álbum que estão a gravar.
No comunicado que anuncia o espectáculo, diz Pierre: “O mestre Ian Guest, que deixou-nos mês passado, dizia: ‘a criança sabe, porque não sabe que não sabe’. Quando penso em compor com Moa, faço música sem pensar, por pura intuição, como fazem as crianças sem saber. Nossas músicas são retratos de um álbum de família ainda em gestação.” Por sua vez, Moacyr comenta: “O Tejo inventou um cais para eu poder encontrar meu parceiro Pierre Aderne, brasileiro de Copacabana, mas com as costas cravejadas de amêijoas da terrinha. A conversa se estendeu pelo Atlântico, os radares em sintonia perfeita, que eu trato como predestinação. Compusemos dez músicas entre o Rio de Janeiro e Lisboa, e trocamos mil dúvidas até florescer este álbum.”
Além destas canções ainda inéditas, onde se incluem Prado Júnior ou Carta Aberta à Lisboa, também se ouvirão no Coliseu temas compostos por Moacyr para outras vozes, como Medalha de São Jorge (escrita para Maria Bethânia) Cabô, meu pai (para Beth Carvalho) ou Vida da minha vida (para Zeca Pagodinho), além de alguns temas compostos por Pierre, como Guia e Mina do condomínio, que ele escreveu, respectivamente, para António Zambujo e Seu Jorge.
No mesmo espectáculo, a Rua das Pretas tem ainda outro convidado especial, a par dos vários músicos residentes do projecto: o carioca Pedro Luís, fundador do grupo Pedro Luís e a Parede e do Monobloco, um dos maiores blocos de Carnaval do Brasil. Cantor, compositor, produtor e arranjador, começou na música com a trupe Asdrúbal Trouxe o Trombone, nos anos 1980 e integrou o grupo Urge, antes de criar Pedro Luís e a Parede. Em 2014 gravou um DVD a solo, Aposto, e em 2019 foi lançado um documentário sobre a sua vida e obra, intitulado O Astronauta Tupy (título de uma canção sua), com realização de Pedro Bronz e produção da TvZERO.
O espectáculo deste domingo, avisam os organizadores, será o penúltimo episódio desta nova série Rua das Pretas que está a ser filmada para estrear na RTP1, ainda durante o mês de Maio.