O terreno minado da felicidade
Agora já ninguém se escandaliza com nada, mas no final do século XIX uma peça destinada a escalpelizar a moralidade burguesa que, para afirmar o seu objectivo, não hesitava em trazer ao enredo a religião, claro, e ainda o incesto, as doenças venéreas ou a eutanásia.
Um infantário para inaugurar em jeito de homenagem ao marido que viveu em constante busca do prazer na boémia; uma filha ilegítima por herança, mantida perto e protegida por vergonha e medo do escândalo; um filho há muito ausente a quem deu agora para regressar doente ao lar; um pequeno oportunista a rondar a casa com um plano; um pastor para manter a ordem moral, mas… Enfim, Helen Alving tem muito com que se ocupar neste dia cheio, tão cheio que dele ninguém sairá como entrou depois da dança de espectros, do corrupio de fantasmas e assombrações a que vai ser sujeito. Queriam ser felizes. Pois, a vida é um bocado madrasta e o caminho para a felicidade está um bastante em mau estado.
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