Real Madrid, de milagre em milagre até mais uma final
“Merengues” qualificam-se para a decisão da Champions com uma vitória “impossível” sobre o Manchester City. Rodrygo empatou a eliminatória no tempo de compensação, Benzema assinou o “milagre” final no prolongamento.
A principal lição da Liga dos Campeões é: nunca descartar o Real Madrid, aquela equipa que, na fase de grupos, chegou a perder em casa com o campeão da Moldova. Tal como aconteceu nas eliminatórias anteriores, os “merengues” precisaram de um milagre para se qualificarem para a final da Liga dos Campeões frente ao Manchester City. Depois da derrota por 4-3 na primeira mão e com uma derrota iminente, a equipa de Carlo Ancelotti marcou dois golos na compensação para equilibrar o embate e garantiu um lugar na final de Paris (onde irá ter o Liverpool pela frente) com um penálti convertido por Benzema no tempo-extra.
“Otra noche magica de los reyes de Europa”, era o que pedia o Bernabéu ao Real Madrid, a equipa com mais peso histórico do “velho” continente. Pedia magia frente ao “novo rico” Manchester City, uma equipa de autor maturada em seis anos por Pep Guardiola com o objectivo maior de ganhar pela primeira vez aquilo que os “merengues” já ganharam por 13. Bastava um golo para empatar, dois para ganhar. Não parecia assim tanto como isso, e já tinha dado a volta a outros adversários nesta Champions. Chelsea e PSG que o digam.
Depois do espectacular 4-3 da primeira mão no Etihad, esperava-se um embate de emoção semelhante e com o marcador a funcionar em permanência. Mas foi um embate mais estratégico, de menos risco, um equilíbrio de forças e de cautelas. Eram os “merengues” que tinham a responsabilidade de atacar, mas não se lançaram à maluca para a frente. Tiveram paciência, a paciência de uma equipa habituada a estes ambientes. Quando se diz que as camisolas não jogam, no caso do Real Madrid, isso não é bem verdade.
O Real esperou que o City, com o seu trio de portugueses de início (Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva), se mexesse primeiro. E as melhores oportunidades da primeira parte foram da equipa britânica. Bernardo obrigou Courtois a uma boa defesa aos 20’, Gabriel Jesus teve outro remate perigoso aos 23’ e Foden, numa jogada que veio directamente de Éderson Moraes, quase surpreendeu o guarda-redes belga dos “merengues”. Tudo isto o Real Madrid aguentou com uma calma olímpica e segura, sem deixar de dividir o jogo e de tentar acelerar em determinados momentos.
Zero golos em 45 minutos era o que o City queria. Não era nada do que o Bernabéu pedia. Mas, assim que o jogo recomeçou para a segunda parte, o recinto dos “merengues” quase veio a baixo. Na jogada de saída, a bola foi rapidamente até Carvajal na direita e depois seguiu para Vinícius que falhou o alvo por pouco. Um susto para Guardiola e um sinal de vida para o Real, que conseguia algo raro no futebol actual, o de dividir a posse de bola com uma equipa de Guardiola.
Com o passar dos minutos, a energia do recém-sagrado campeão espanhol foi desaparecendo e deu lugar ao desespero, enquanto os “citizens” pareciam totalmente no controlo do jogo e da eliminatória, mesmo estando segura pela margem mínima. E tudo pareceu decidir-se aos 73’, quando Riyad Mahrez fez o 0-1, após um momento de enorme lucidez de Bernardo Silva.
O português levou a bola até à área “merengue” e esperou pelo momento certo até a libertar para o avançado argelino. E a verdade é que o City podia ter construído uma vantagem inatacável nos minutos seguintes, incluindo uma bola de Graelish que Éder Militão tirou em cima da linha de golo. O relógio marcava 88 minutos, o City tinha dois golos de vantagem na eliminatória e a final à sua mercê, e novo duelo marcado para Paris com o Liverpool.
Só que o Real Madrid é aquela equipa que nunca desiste naquela competição que considera como sua. Já a ganhou 13 vezes e a vontade de ganhar a 14.ª deu uma força suplementar. Aos 90’, Rodrygo fez o empate no jogo, após assistência de Benzema, e, no minuto seguinte, foi o jovem brasileiro a fazer o 2-1 após assistência de Asensio. Eliminatória empatada, mas ascendente emocional do Real Madrid, que transportou este estado de espírito para o prolongamento.
E teve como protagonista alguém que pareceu ausente o jogo todo, mas que apareceu no momento certo. Aos 94’, Benzema sofreu uma falta de Rúben Dias e, no minuto seguinte, o francês encaminhou para a baliza do City o golo que daria mais uma final ao Real.