PGR confirma inquérito-crime à gestão da Direcção-Geral de Recursos da Defesa. Presidente da Empordef terminou mandato em 2021
Ministério Público não adianta mais informações sobre a constituição de arguidos ou os alegados crimes em causa na ultrapassagem dos gastos nas obras do Hospital Militar de Belém, que atingiu custos de 3,2 milhões de euros.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta quinta-feira a existência de um inquérito-crime à gestão da Direcção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) durante a liderança de Alberto Coelho, que passou, entretanto, para a ETI - Empordef, uma empresa tutelada pelo Estado.
“Confirma-se apenas a existência de inquérito, o qual se encontra sujeito a segredo de justiça”, esclareceu a PGR, em resposta enviada à Lusa.
Contudo, o Ministério Público (MP) não adiantou mais informações sobre a constituição de arguidos ou os alegados crimes em causa, depois de a revista Visão ter revelado esta quinta-feira a existência de suspeitas de corrupção na DGRDN, enquanto Alberto Coelho esteve à frente daquele organismo.
A publicação refere que em causa podem estar crimes de peculato, participação económica em negócio e corrupção, que estão a ser investigados, desde 2018, pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP).
Alberto Coelho pediu aposentação
Alberto Coelho deixou já a DGRDN e foi escolhido em Fevereiro de 2021 para presidir à ETI - Empordef Tecnologias de Informação, já depois de o seu nome estar envolvido em polémica, devido à ultrapassagem dos gastos nas obras do Hospital Militar de Belém, que em 2020 sofreu obras de remodelação para ser convertido num centro covid-19. O orçamento apontava gastos de 750 mil euros, mas o custo final atingiu os 3,2 milhões de euros.
Já esta quinta-feira, em resposta a perguntas da Lusa, o ministério da Defesa Nacional referiu que Alberto Coelho, eleito em Assembleia Geral realizada em 8 de Junho de 2021, terminou o mandato à frente da ETI - Empordef Tecnologias de Informação “em 31 de Dezembro de 2021, mantendo-se os membros em funções, como é prática corrente, até que seja marcada Assembleia Geral electiva”.
De acordo com o Ministério da Defesa, “o próprio informou o accionista da ETI que atingiu este ano a idade de reforma e que pretende solicitar a aposentação, nos termos da lei”.
No início do mês, o Tribunal de Contas confirmou também à agência Lusa, depois de uma notícia avançada pela TSF, que Alberto Coelho é alvo de um procedimento por eventual infracção financeira relacionada com a derrapagem no custo das obras de requalificação do antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa.