Vai abrir na Baixa de Coimbra um espaço que funciona como loja colaborativa, espaço de incubação e capacitação, focado em modelos de economia sustentável, onde “a parceria é a alma do negócio”.
O COL.ECO (Colaboração na Organização Local de Economia Sustentável do Concelho de Coimbra) é promovido pela Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) e é inaugurado na sexta-feira. Ocupa um edifício de dois andares na Rua Adelino Veiga, “poeta-operário” de Coimbra.
Naquele edifício vai funcionar, ao mesmo tempo, uma loja colaborativa, um espaço de incubação de ideias de negócios ecológicos e sustentáveis e um espaço de capacitação para pessoas em situação de desemprego de longa duração, contou à agência Lusa a coordenadora do projecto, Rute Castela. Financiado por fundos europeus e tendo como investidor social o município de Coimbra, este é um projecto que junta várias vontades — dinamizar a baixa, potenciar actividade económica e vinculá-la àquela zona da cidade.
“É uma espécie de micro-IPN [Instituto Pedro Nunes] para comerciantes da Baixa, um alfobre de microempresas que podemos dinamizar ali”, vincou a presidente da APBC, Assunção Ataíde.
No arranque da loja, estarão “três lebres”, pessoas já com negócios estabelecidos e empresas estruturadas e que poderão chamar clientes até à Adelino Veiga, explicou a responsável, que salientou que no andar de cima decorrem as formações para outros projectos se juntarem na montra daquela loja.
No primeiro andar, Eliana Ferreira prepara-se para mais uma sessão de formação. A designer de comunicação e ilustradora de 35 anos decidiu inscrever-se no projecto de incubação, tendo como ideia criar o seu próprio negócio, ligado à ilustração. “Quando vou a Coimbra, quero um postal bonito da cidade e só encontro coisas de Lisboa e do Porto. Gosto da ideia de haver postais mais regionais, mas também quero fazer coisas ligadas ao dia-a-dia das pessoas”, contou a ilustradora, que se mudou há um ano para Coimbra.
Por lá, estão em formação cinco pessoas, todas com projectos distintos, que vão de uma mercearia com produtos a granel, um espaço de comida saudável e vegetariana, a cosmética vegan ou objectos decorativos. “Falta-me o lado da gestão financeira, do conhecimento dos canais mediáticos e quero perceber o que pode fazer sentido, que eu sei fazer várias coisas”, explicou Roberta Atzei, artista plástica italiana que se mudou recentemente para Coimbra.
Já Wesley Sousa, de 27 anos, espera dar continuidade à sua linha de produtos de cosmética, em que usa alguns saberes dos seus antepassados, indígenas brasileiros.
Depois das formações que vão receber, a ideia passa por depois testarem os negócios na loja colaborativa, que vai abrir já com três projectos estruturados — uma costureira que reutiliza roupa, artigos de bijuteria e peças decorativas feitos com reaproveitamento de papel e uma loja de roupa em segunda mão. “Uma grande parte das microempresas, assim que nasce acaba rapidamente e era bom que as pessoas que saíssem daqui tivessem algo que fosse verdadeiramente sustentável e que lhes pudesse gerar rendimento”, contou Rute Castela.
O projecto, que tem a duração de um ano, irá ajudar a formar mais ideias de negócio, esperando-se que a loja e os produtos que ofereça possa mudar ao longo do ano de existência, explicou Rute Castela. “Esperemos que depois possam ganhar asas e abrir o seu negócio, preferencialmente na Baixa de Coimbra”, vincou a coordenadora, que disse acreditar que o espaço em si potencie “a co-criação e co-produção”.
Carina Horta encabeça um dos três projectos que estarão inicialmente na loja. Arquitecta de 37 anos, trabalhou numa loja tradicional de venda de roupa devido à crise económica, mas voltou à sua profissão de formação. Apesar disso, decidiu abrir um negócio de venda online de roupa em segunda mão. Na loja da COL.ECO estreia-se com um espaço físico, conseguindo conciliar o projecto com o seu principal trabalho, também devido à natureza colaborativa da loja.
“Somos três pessoas diferentes, com experiências de vida diferentes e tem corrido muito bem. Temos umas a aprender com as outras e todas ganhamos com o facto de trabalharmos em conjunto”, disse à agência Lusa Carina Horta, que também espera que as ideias que ali nasçam possam funcionar, no futuro, “em conjunto”. É esse foco nas sinergias que entusiasma a presidente da APBC. “As parcerias não são o somatório das partes, mas mais do que o seu somatório. Antigamente, dizia-se que o segredo era a alma do negócio. Eu tento combater isso. Para mim, a parceria é que é a alma do negócio e essa filosofia é intrínseca a este projecto”, salientou Assunção Ataíde. “Quanto mais nos conectarmos, mais força temos”, vincou.