Morreu Klaus Schulze, pioneiro das electrónicas cósmicas alemãs

Membro dos Tangerine Dream ou dos Ash Ra Tempel, foi a solo que a sua música electrónica cósmica se revelou mais influente. Tinha 74 anos.

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Foi esta terça-feira que se soube da morte do compositor e músico alemão Klaus Schulze, pioneiro das electrónicas, devoto do sintetizador, um dos membros dos Tangerine Dream e dos Ash Ra Tempel, mas acima de tudo com uma prolífica e muito influente obra a solo. Tinha 74 anos.

No final dos anos 60, ao lado de outros nomes alemães, personificou tanto a emancipação do traumático passado nazi, como das influências anglo-americanas, para a criação de um vocabulário próprio, a partir do psicadelismo ou da electrónica experimental, o chamado “krautrock”. Começou na bateria, tendo integrado os Tangerine Dream no final dos anos 60, antes de iniciar a aventura Ash Ra Tempel, ao lado de outra figura relevante, Manuel Gottsching. Mas foi quando decidiu enveredar por uma carreira a solo, a partir de 1972, que se viria a afirmar definitivamente.

Rapidamente, ao lado dos Can, Neu!, Faust, Tangerine Dream ou dos Kraftwerk, granjeou culto, sinalizando um novo futuro dominado pela tecnologia, constituindo uma manifestação da capacidade de regeneração alemã, recusando tanto o passado, como a influência maciça americana na cultura popular. Muito do que de significativo aconteceu depois da segunda metade dos anos 70 no campo das electrónicas, seja as mais ambientais e abstractas, ou as mais dançáveis e próximas da música tecno, acabam por conter influência da sua actividade, não só do ponto de vista sonoro, com padrões sequenciados, motivos cósmicos e texturas envolventes, mas também por algumas das técnicas que foi usando em sintetizadores imensos que funcionavam também como recurso estético.

Editou mais de 40 álbuns, entre registos de originais, discos ao vivo e bandas sonoras, tendo encetado inúmeras colaborações, uma das mais recentes com o compositor Hans Zimmer, na banda sonora do filme Dune (2021). É fácil perceber a sua influência em parte da produção electrónica cósmica dos últimos anos – de Oneohtrix Point Never a James Holden. Em 2013 havia comunicado a sua retirada dos palcos e preparava-se para lançar um novo projecto, Deus Arrakis, que deverá chegar ao mercado ainda antes do Verão. Deixa a mulher, dois filhos e quatro netos.

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