Um processo exemplar
Esforçando-se sobretudo por realçar o valor literário das palavras de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, a encenação constrói, como quem tece uma teia, um espectáculo coerente e dinâmico.
Foi uma escandaleira, uma daquelas escandaleiras que levaram Portugal às páginas da imprensa internacional mais uma vez pelas piores razões, como era aliás costume no final da ditadura. Tudo por causa de um livro, que primeiro foi mandado apreender e logo depois deu em processo judicial contra as autoras. Tomado como um manifesto feminista, ou tido por “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, a Novas Cartas Portuguesas raramente é reconhecida a pérola literária criada ao longo das suas páginas por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa há 50 anos. Pode ser que nunca seja reconhecido esse valor, até por o escândalo já fazer parte da História e ser muito suculento, mas a culpa não é de Ainda Marianas.
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