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Spaceworkers exploram a missão da arquitectura através do Centro de Interpretação do Românico

Uma conversa com os arquitectos Rui Dinis e Henrique Marques, do atelier Spaceworkers, sobre o Centro de Interpretação do Românico, de Lousada. O podcast No País dos Arquitectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. Subscreva nas plataformas para podcast.

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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra
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Centro de Interpretação do Românico, em Lousada Fernando Guerra

No 37.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com os arquitectos Rui Dinis e Henrique Marques, do atelier Spaceworkers, sobre o Centro de Interpretação do Românico (CIR), de Lousada.

A Rota do Românico surgiu do esforço conjunto dos concelhos que integram a Valsousa — Associação de Municípios do Vale do Sousa, em colaboração com o Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) e a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que actualmente integram a DGPC. A Rota do Românico reúne, hoje, 58 monumentos e dois centros de interpretação.

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O Centro de Interpretação do Românico é o lugar ideal para começar esta rota, uma vez que explica de forma interactiva vários detalhes ligados à arquitectura românica: “Quando fomos contactados para fazer este edifício soubemos que era para ter um carácter mais museográfico ou museológico do que na realidade tem. Isto porque, na altura, a Rota do Românico recebeu o espólio da extinta DGEMN (...) e houve uma série de peças e materiais que foram retirados de algumas das igrejas pertencentes à Rota do Românico”, começa por contextualizar o arquitecto Henrique Marques.

Aberto ao público desde 2018, o Centro de Interpretação do Românico é constituído por uma superfície expositiva de cerca de 650 metros quadrados, distribuídos por um amplo átrio central e seis salas temáticas contíguas. Uma dessas salas é a Sala dos Construtores e é nesse contexto que tentamos perceber que inovações os arquitectos do Spaceworkers introduziram aqui. Se no Românico era a pedra a grande protagonista, hoje o betão assume o papel principal não só neste edifício, mas também em todos os projectos que os arquitectos têm vindo a desenvolver.

No Centro de Interpretação do Românico, não é só o betão que permite fazer uma viagem pelo românico, o próprio edifício procura representar toda a carga histórica associada a esse tempo. Portanto, houve aqui o desafio de construir um centro com tudo o que é o simbolismo do românico, desde a escala, a geometria dos espaços, a recriação do claustro e os percursos não lineares semelhantes aos burgos medievais: “Na altura houve uma frase que uma historiadora mencionava, acerca da Rota do Românico sobre a ‘unidade dentro da diversidade’, e isso acabou por ser um tema que nos acompanhou muito ao longo do processo criativo”, explica Rui Dinis.

Também para o arquitecto Henrique Marques, houve muitas surpresas no desenvolvimento deste projecto. Uma delas é a forma como o românico é pensado e reinterpretado, à luz dos nossos tempos: “Nós temos sempre a ideia de que o românico é algo bastante austero e, na realidade, existia bastante cor precisamente pela complementaridade das artes. A arquitectura, em si, continuaria a ser austera e é austera, mas depois existe toda a parte da escultura, das tapeçarias e de alguns frescos que introduziam cor e faziam um complemento interessante”, reflecte.

O edifício é constituído por sete volumes e, nesta “encruzilhada de blocos”, os arquitectos procuraram trabalhar a ideia de “rua medieval”, enquanto elemento gerador de vivências. Internamente, os espaços reflectem a sua monumentalidade, remetendo para o interior dos edifícios românicos: “Quando entramos dentro de um desses blocos completamente escuros, o único ponto de luz que temos como referência é a saída desse mesmo bloco. Ou seja, isso vai-nos conduzindo dentro do espaço, sem precisarmos de ler a sinalética”, observa Rui Dinis.

Para além desse jogo entre luzes e sombras, cada volume reinterpreta um dos tipos de cobertura utilizados na arquitectura do românico: “Nós queríamos que, cada um dos blocos fossem blocos que representassem o interior dos edifícios românicos, que são bastante mais escuros e mais austeros (...). Quando saímos deste edifício, saímos para um exterior protegido, uma espécie de claustro também ele, que introduz essa dinâmica e esses contrastes luminosos”, esclarece Henrique Marques.

A esta ideia, o arquitecto Rui Dinis acrescenta uma outra: “Toda esta questão da luz e da escala são coisas que, para nós, sempre estiveram lá, mas nunca nos tínhamos debruçado sobre a importância delas e de que forma é que interferiam com o nosso estar dentro dos espaços. E este projecto, no fundo, deu-nos essa consciencialização. Ou seja, fez-nos reflectir um pouco em toda a escala e na transição de escalas, que existe dentro dos espaços do românico, que era uma coisa que, apesar de sermos utilizadores dos edifícios, nunca tínhamos reflectido sobre isso. Esse acabou por ser o maior ensinamento do projecto”.

Em dado momento da entrevista, ambos os arquitectos lembram como muitas das pessoas acabam por fazer “uma reinterpretação ainda mais profunda” do que aquela que eles próprios projectaram para o edifício. Por exemplo, existe um elemento todo rendilhado neste centro, “que faz a cobertura e a união, entre os sete volumes de betão”, que é associado ao desenho da espinha de peixe pela qual os cristãos se tentavam identificar, nos primórdios das igrejas. E a verdade é que, ainda hoje, o peixe é um dos símbolos mais antigos do Cristianismo: “Nós nunca pensamos naquela cobertura com esse simbolismo, mas o que é um facto é que, quem faz as visitas, depois acaba por ver coisas que não foram conscientemente pensadas assim”, recordam.

E se existe este respeito pelo passado, por outro, há também a necessidade de deixar uma marca no tempo actual. Apesar de ainda ser muito difícil dar um nome a essa marca, o arquitecto Henrique Marques aponta um caminho. Ou, melhor, neste caso, múltiplos caminhos: “Eu acho que a coisa gira nos dias de hoje é que não há tanto uma forma de fazer, mas sim muitas formas de fazer e todas elas são verdade. Isso até deve ser aquilo que marca mais o nosso estilo. Penso que se há uma coisa que nós temos nestes ‘loucos anos 20’ é, precisamente, esta diversidade de linguagens da arquitectura”.


No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.

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