DJ britânico Tim Westwood acusado de predação sexual por várias mulheres
Acusações de comportamento sexual predatório, abuso de posição na indústria musical e toques indesejados remontam a 1992 e chegam até 2017.
O DJ e apresentador britânico Tim Westwood é acusado por sete mulheres de assédio e comportamento predatório ao longo da sua carreira, revelou terça-feira uma investigação conjunta do diário britânico The Guardian e da BBC.
As duas organizações jornalísticas frisam que o famoso DJ é acusado por várias mulheres de ter “utilizado de forma errónea a sua posição na indústria musical para se aproveitar delas”. Tim Westwood, que também é apresentador de televisão em canais como a MTV e locutor de rádio em estações como a BBC Radio 1, tem hoje 64 anos e começou a trabalhar em música no final dos anos 1970, estando no activo até hoje. Em 2019, estava no cartaz do festival Afro Nation, em Portimão.
Westwood, como é aliás sobretudo conhecido, nega as acusações de três mulheres que o acusam de comportamento predatório de cariz sexual e de outras quatro que alegam que este as apalpou contra a sua vontade em eventos sociais. Todas eram adolescentes ou estavam na casa dos 20 anos quando os alegados incidentes tiveram lugar. Todas as mulheres queixosas são negras. Nenhuma conhece as restantes. Os casos denunciados terão tido lugar entre 1992 e 2017.
Westwood “nega veementemente todas as alegações de comportamento inapropriado. Numa carreira que dura há 40 anos, nunca houve queixas oficiais ou não feitas contra ele”, diz a agência que o representa em comunicado.
Isoladas, indefesas, intimidadas
Três mulheres, cujos nomes não são revelados, dizem que quando tinham 17, 19 e 20 anos concordaram conhecer Westwood, uma figura conhecida nos media e no meio musical britânico, para falar sobre o seu trabalho, que queriam saber como melhorar ou divulgar, ou sobre a indústria musical. Terá sido aí que teve um comportamento predatório. Uma delas, a que tinha 19 anos, descreve como ele lhe mostrou o pénis quando estavam no carro dele no que seria uma viagem para discutirem o trabalho dela; acabou por se despir, já na sua casa, e que manteve relações sexuais com ela sem o seu consentimento expresso. O caso terá ocorrido em 2010.
Dez anos antes, uma jovem rapper foi ter com ele a Londres com a mesma finalidade de receber conselhos sobre a sua carreira musical e mais uma vez, na viagem de carro, ele terá começado a tentar seduzi-la e a tocar-lhe; em casa dele, onde não sabia que ia ser levada, ele encetou uma relação sexual sem que esta o desejasse. “Se eu tentar sair disto, sabe-se lá como ele vai reagir. Por isso, submeti-me”, diz. A história de outra rapariga, de 17 anos, é similar, partilhando com as restantes a sensação de estar isolada, indefesa e intimidada.
Outras quatro mulheres dizem que ele as apalpou, em incidentes separados, quando elas lhe pediram para tirar uma fotografia com ele depois de uma das suas actuações em discotecas. As imagens que resultaram desses encontros foram vistas pelo Guardian e pela BBC. Westwood terá tocado sem autorização tanto as mamas quanto o rabo dessas mulheres.
Já em Junho de 2020, com alguns anos de movimento #MeToo em curso, as redes sociais começaram a expor queixas anónimas de mulheres que se queixavam de abusos por parte de Westwood. Foi a partir daí que o Guardian e que a BBC Three encetaram o seu trabalho (além da notícia do diário, o canal produziu um documentário sobre o caso). Muitas das mulheres temiam ser desacreditadas se contassem a sua história, relatam os jornalistas, tanto pelas suas idades quanto pela cor das suas peles. Nenhuma das mulheres apresentou queixa à polícia.