Nuno Loureiro. Chegou finalmente o tempo da energia de fusão?
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Esta semana, no podcast 45 Graus, o convidado é Nuno Loureiro, licenciado em engenharia física tecnológica pelo Instituto Superior Técnico, doutorado em física pelo Imperial College de Londres e professor catedrático do departamento de Ciência e Engenharia Nuclear e do departamento de Física do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA. A sua especialidade é a física dos plasmas e as suas aplicações à fusão nuclear e a problemas do domínio da astrofísica.
Para fazer face às alterações climáticas, o mundo tem de diminuir o consumo de energias fósseis. O petróleo e o gás são, como os últimos meses têm mostrado, altamente sensíveis a perturbações geopolíticas, o que tem impacto directo na vida das pessoas. Só que as energias renováveis ainda não permitem fazer face às necessidades energéticas, pelo que o grosso da energia consumida no mundo continua a ser de combustíveis fósseis.
Uma das alternativas poderá ser a energia de fusão nuclear, que não emite dióxido de carbono para a atmosfera, tem um baixo risco associado e é virtualmente ilimitada. Esta energia é ainda mais poderosa do que a energia nuclear clássica (de fissão), utiliza matérias ilimitadas (átomos e isótopos de hidrogénio) e, ao contrário daquela, produz muito pouca radioactividade.
Há muito tempo - quase um século - que sabemos que é possível produzir energia de fusão. Trata-se da fonte de energia do Sol, onde as altas temperaturas e a enorme gravidade geram a fusão de átomos de hidrogénio. No entanto, conseguir gerar este tipo de reacção na Terra tem-se revelado muito difícil.
E, contudo, tem havido desenvolvimentos importantes nesta área. Apenas no último ano, verificaram-se dois dos maiores avanços concretos das últimas décadas no caminho para produzir energia de fusão. Em Agosto de 2021, nos EUA, a National Ignition Facility (NIF) bateu o recorde no que toca ao rácio de energia gerada pelo processo de fusão nuclear face à energia que foi necessário injectar para accionar a fusão (a energia gerada continua a ser menos do que a energia injectada, mas é um resultado muito promissor). Mais recentemente, em Fevereiro deste ano, o laboratório JET, no Reino Unido, bateu o recorde do máximo de energia total gerada pelo processo de fusão.
O imperativo de encontrar soluções para as alterações climáticas tem levado a um aumento do investimento também do sector privado, com dezenas de novas empresas a tentarem, actualmente, serem as primeiras a produzir energia de fusão viável. Talvez se possa, finalmente, ter uma expectativa realista de ver avanços importantes nesta área no futuro próximo.
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