Anatomia de um massacre
O mérito maior de Nitram é elidir qualquer causalidade psicológica no desequilíbrio da personagem e no cometimento do massacre. Caleb Landry Jones foi prémio de interpretação em Cannes 2021.
O australiano Justin Kurzel tinha-nos dado, há meia-dúzia de anos, um Macbeth balofo e maneirista, recheado de estrelas (Michael Fassbender, Marion Cotillard), à beira da insuportabilidade. Digamos que no fim da projecção de Nitram o nosso impulso foi o de ir confirmar que se tratava do mesmo realizador, porque nem parece: estamos aqui num registo completamente diferente, outra discrição, outra subtileza, e sobretudo outra atenção aos não-ditos, aos não-explicados, aos buracos que enformam a psicologia e o trajecto do protagonista.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.