Arnaud Desplechin: “Philip Roth é o meu herói, o meu deus”

Traições é um filme tributo a Philip Roth a partir de um dos seus romances menores, Engano. Com actores franceses, falado em francês e filmado em interiores — por decisão estética e por conveniência do confinamento — revela o risco de passar ao cinema o jogo literário do grande escritor americano. O realizador, Arnaud Desplechin, fala da sua fixação em Roth.

Foto
LUIS RAMOS - 31 OUTUBRO 2005 - Arnaud Desplechin ++ CINEASTA -2005/12/02- LUIS RAMOS

“Philip é um romancista americano que vive em Londres.” A informação é dada pela amante inglesa no início de um jogo cujo ponto de partida é marcado pelo pedido do escritor de quem ela leu todos os livros: “Fecha os olhos”. Não sem resistir, ela acede. Os dois estão sentados frente a frente no escritório onde se encontram todas as tardes ao longo do último ano e meio. Ele pede-lhe que de olhos fechados descreva o lugar ao detalhe. Ela está sentada num cadeirão confortável e ele ouve-a queixar-se do seu casamento infeliz, do trabalho sem interesse, da filha “adorável” de quatro anos. Ela tem os olhos sempre fechados. Os dele estão sempre abertos. Ela fala. Ele ouve. O pacto será esse e remete para o início do romance de Philip Roth onde um escritor chamado Philip e a sua amante inglesa começam também um jogo que parte de um questionário onde a regra é responder a todas as perguntas.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar