Escritora Maria Teresa Horta condecorada com a Ordem da Liberdade
A sessão decorreu na noite de quinta-feira, a pretexto da estreia no Teatro Nacional D. Maria II de Ainda Marianas, peça baseada nas Novas Cartas Portuguesas que a autora escreveu com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou esta quinta-feira a escritora e jornalista Maria Teresa Horta com a Ordem da Liberdade no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, após a sessão de estreia da peça Ainda Marianas. “Vou entregar-lhe a Ordem da Liberdade como entregarei aos representantes das famílias das duas Marias [Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa], que não podem estar connosco neste momento”, disse o chefe de Estado, aludindo às duas outras escritoras, já desaparecidas, que com Maria Teresa Horta escreveram as Novas Cartas Portuguesas.
A Ordem da Liberdade destina-se a distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e à causa da liberdade. “Que bom haver uma Maria connosco neste momento, em que se aproximam 50 anos do 25 de Abril e, portanto, 50 anos do dia 7 de Maio, em que, depois de um longo percurso e uma grande aventura, foi feita justiça”, salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a “ajuda fundamental” das três escritoras e autoras das Novas Cartas Portuguesas para a democratização do país. “Começamos a celebrar os 50 anos do 25 de Abril e começamos pelo princípio, o que antes do 25 de Abril juntou ao 25 de Abril. E uma grande ajuda – uma ajuda fundamental – foi a vossa (...) Aquilo que houve foi uma luta pela liberdade”, afirmou, referindo-se à publicação daquela obra que desafiou o Estado Novo, em 1972.
Nascida em Lisboa, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras e foi escritora e jornalista, bem como uma das mais conhecidas feministas portuguesas. É co-autora, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, da obra Novas Cartas Portuguesas, “um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres)”. Estreou-se na poesia em 1960 com a obra Poesia Reunida, que lhe valeu o prémio Máxima Vida Literária. Publicou ainda As Palavras do Corpo – Antologia de Poesia Erótica (2012), A Dama e o Unicórnio (2013), Anunciações (2016), vencedor do prémio Autores SPA/Melhor Livro de Poesia 2017, Poesis (2017), Estranhezas (2018) e a antologia Eu sou a Minha Poesia (2019).
É ainda autora dos romances Ambas as Mãos Sobre o Corpo, Ema (prémio Ficção Revista Mulheres) e A Paixão Segundo Constança H.. A escritora recebeu também os prémios D. Dinis e Máxima Literatura pelo romance As Luzes de Leonor, a Marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis (2011).