A chanfana no seu “berço”: Miranda do Corvo celebra-a e lamenta falta de cabras

“Não se consegue criar as cabras para satisfazer as necessidades”, diz o presidente da câmara, que defende a necessidade de fomentar a criação dos caprinos. A Semana da Chafana celebra-se em Miranda do Corvo de 23 de Abril a 1 de Maio.

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Uma chanfana em Miranda do Corvo SERGIO AZENHA / PUBLICO

O município de Miranda do Corvo vai retomar a realização da Semana Gastronómica da Chanfana, entre 23 Abril e 1 de Maio, após dois anos de interregno devido à pandemia da covid-19. “É um renascer para valorizarmos a chanfana, com um programa na linha do que tem sido habitual”, disse o presidente da Câmara Municipal, Miguel Baptista, à Lusa.

A iniciativa assume “uma especial importância” para a economia e a cultura popular local, “com um foco especial” no território da União das Freguesias de Semide e Rio Vide”, que o autarca definiu como “berço da chanfana”, pelo facto de a iguaria ser historicamente associada à criatividade gastronómica das religiosas do Convento de Santa Maria de Semide, onde a última monja morreu em 1896.

“A chanfana tem um lugar importante no desenvolvimento local, já que alavanca o turismo gastronómico, atraindo ao concelho cada vez mais visitantes”, afirmou.

Contudo, Miguel Baptista reconhece a necessidade de os municípios que fazem parte da rede Terras da Chanfana (Lousã, Miranda do Corvo, Penela e Vila Nova de Poiares), no distrito de Coimbra, fomentarem a criação de cabras. No seu concelho, por exemplo, existem apenas “pequenas explorações para autoconsumo” das famílias, o que se revela aquém das necessidades dos restaurantes que servem chanfana aos visitantes, uma realidade que é idêntica naqueles municípios vizinhos.

“Não se consegue criar as cabras para satisfazer as necessidades”, adiantou o presidente da Câmara, questionado pela Lusa sobre esta lacuna.

A autarquia salienta que “o melhor da gastronomia de Miranda do Corvo vai estar nas mesas dos restaurantes aderentes (...), na semana Gastronómica da Chanfana”. Em comunicado, a Câmara Municipal refere que durante a semana, nos estabelecimentos do sector, “estarão em destaque a chanfana, os negalhos, as sopas de casamento”, estas à base de pão e couves cozidas, regados com o molho da carne de cabra assada no forno.

Ao organizar mais uma vez a Semana da Chanfana, o município tem “como principal objectivo preservar, valorizar e dinamizar o receituário concelhio e, simultaneamente, promover e estimular a actividade económica local”, segundo a nota.

O programa cultural inclui, no primeiro dia, sábado, a apresentação do “Roteiro Gastronómico da Região de Coimbra”, editado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, visitas guiadas ao património, concertos, momentos temáticos com o título “Sentidos e sabores”, entre outras realizações.

No dia 30, a Real Confraria da Cabra Velha regressa igualmente às actividades regulares, com a organização do seu XVII Capítulo, cujo programa contempla um desfile de confrarias e um almoço com inscrições limitadas, seguido da cerimónia de entronização de novos membros da instituição gastronómica.