Space Rider leva teste da Universidade de Coimbra para o espaço em 2024

A experiência científica TGF Monitor irá a bordo do Space Rider, o primeiro veículo reutilizável da Agência Espacial Europeia, para testar tecnologia no espaço com potencial impacto na segurança da aviação

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Imagem artística da Space Rider , que levará a bordo a experiência liderada pela equipa portuguesa JACKY HUART/ESA

Uma experiência científica liderada pela Universidade de Coimbra vai para o espaço em 2024, a bordo do Space Rider, o primeiro veículo reutilizável da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Em comunicado, a Universidade de Coimbra (UC) revelou que a experiência científica seleccionada para ir para o espaço é denominada por TGF Monitor, um sistema de detecção de telureto de cádmio (CdTe) pixelizado para raios gama e com capacidades polarimétricas, que “abrirá novos horizontes tecnológicos e científicos”.

A equipa desta experiência científica é coordenada por Rui Curado Silva, docente do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, e tem a participação do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) da Universidade da Beira Interior (UBI) e das empresas Active Space Technologies (Coimbra) e Advacam (Praga, República Checa).

De acordo com Rui Curado Silva, a experiência “TGF Monitor”, se for bem-sucedida, irá contribuir para “estabelecer os detectores de CdTe como uma tecnologia com aplicações que vão da astrofísica à segurança da aviação e realizará novas medições científicas, em particular as relacionadas com flashes de raios gama terrestres (TGF, na sigla em inglês).”

“Os TGF são emitidos por nuvens cumulonimbus (nuvens com grande desenvolvimento vertical associadas a sistemas de trovoadas) e são uma preocupação para a saúde e a segurança de tripulações e passageiros de aeronaves”, esclareceu.

Esta experiência abrange diversos tópicos, tais como efeitos da radiação orbital em detectores de CdTe, que “poderão ser usados como plano de detecção de telescópios para astrofísica de altas energias; observação de emissões gama, nomeadamente da Nebulosa de Caranguejo, com um detector de CdTe com capacidades polarimétricas; medições científicas das emissões de TGF, em particular, a possibilidade de medir a polarização linear pode contribuir para responder a questões em aberto sobre os processos físicos geradores de TGF.”

A experiência compreende ainda a monitoração das emissões de TGF e avaliação do potencial dos detectores de CdTe pixelizados como monitores de TGF a bordo de aeronaves.

“A sua utilização como alerta e para a caracterização da magnitude da emissão poderia ser uma valiosa contribuição para a segurança da aviação”, realçou o investigador e docente da UC.

O Space Rider será lançado de Kourou (Guiana Francesa) em 2024, a bordo de um foguetão Veja, e estará dois meses numa órbita terrestre baixa equatorial. Instalada no Space Rider, a experiência TGF Monitor “ficará exposta ao ambiente de radiação espacial”.

“Apontará para o espaço, permitindo registar as emissões de raios gama, por exemplo da Nebulosa do Caranguejo, e também para a Terra, registando TGF”, referiu Rui Curado Silva. No final da missão, o Space Rider vai aterrar em Kourou ou no aeroporto da ilha de Santa Maria, nos Açores, sendo então a experiência recuperada e analisada.