Von der Leyen: “A falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo”

Presidente da Comissão Europeia prevê a entrada rápida da Rússia em incumprimento e diz que as exportações para o país de Putin caíram 70%.

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Ursula von der Leyen visitou as cidades de Kiev e Bucha e encontrou-se com o Presidente Volodimir Zelenskii Reuters/JANIS LAIZANS

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu que a entrada da Rússia em incumprimento financeiro é um cenário inevitável, devido às sanções ocidentais que foram impostas ao país por ter invadido a Ucrânia, e que só falta saber quando irá acontecer.

“A falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo”, disse a líder do Executivo comunitário ao jornal alemão Bild am Sonntag.

Von der Leyen sublinhou que as sanções estão a afectar cada vez mais a economia russa, “semana após semana”, e que as “exportações de bens para a Rússia caíram 70%”.

Para além disso, acrescentou que “700 aviões russos perderam as suas licenças pela falta de peças de substituição e de actualizações de software”, ​e que “centenas de grandes empresas e milhares de peritos viraram as costas ao país”. Como consequência, prevê-se que o Produto Interno Bruto da Rússia caia 11%.

“A falência nacional da Rússia é só uma questão de tempo. Putin também está a destruir o seu próprio país e o futuro do seu povo com esta guerra”, acrescentou.

Sobre o sexto pacote de sanções da UE, que está a ser preparado em Bruxelas, Von der Leyen disse: “Continuamos a olhar para o sector bancário, especialmente o Sberbank [banco estatal russo], que sozinho representa 37% do sector. E é claro que estamos a negociar todas as questões ligadas à energia.”

Relativamente a este último ponto, a dirigente política alemã referiu que o objectivo final é reduzir o financiamento do regime de Putin. Ainda assim, admitiu, o facto de o petróleo e de o gás natural serem comercializados a nível mundial, dificultam a tarefa.

“O que não deveria acontecer é que a Rússia cobra preços ainda mais elevados noutros mercados para fornecimentos que, de outra forma, iam para a UE. Por isso, estamos a desenvolver mecanismos inteligentes para que o petróleo possa também ser incluído na próxima ronda de sanções.”

De acordo com os dados do Ministério das Finanças citados pela TASS, a dívida pública externa da Rússia é de 59,500 milhões de dólares (mais de 55 mil milhões de euros), correspondendo a 20% da dívida pública. No total, a Federação Russa tem 15 empréstimos obrigacionistas activos com vencimentos entre 2022 e 2047.

Em resposta às sanções, o Presidente Vladimir Putin impôs a utilização da moeda nacional, o rublo, no pagamento das dívidas aos que fazem parte do grupo de “países hostis”, ou seja, aos que impuseram sanções a Moscovo. Segundo o decreto, citado pela TASS, as empresas devedoras ou o próprio Estado podem abrir uma conta em bancos russos em nome de um credor estrangeiro e transferir os pagamentos em rublos à taxa de câmbio do Banco Central no dia do pagamento.

Os credores de países que não tenham imposto sanções podem receber pagamentos em euros ou dólares se o devedor russo tiver uma autorização especial para o fazer. O ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, reconheceu, ainda assim, que o congelamento das contas do Estado russo em moeda estrangeira, decorrente das sanções internacionais, dificulta o cumprimento das obrigações da dívida.

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