EUA dão protecção especial a milhares de imigrantes dos Camarões
Programa de protecção temporária permite que os beneficiários vivam e trabalhem nos EUA pelo menos nos próximos 18 meses, sem o receio de poderem vir a ser deportados. Administração Biden justifica decisão com intensificação dos combates nos Camarões.
Cerca de 12 mil cidadãos dos Camarões vão poder permanecer nos Estados Unidos, pelo menos durante os próximos 18 meses, sem receio de serem extraditados para o seu país de origem, onde se regista um aumento dos confrontos entre as forças governamentais e os rebeldes islamistas do Boko Haram ao longo da fronteira com a Nigéria.
A decisão foi anunciada esta sexta-feira pelo secretário do Departamento de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, e aplica-se aos camaroneses que tenham entrado nos EUA até 14 de Abril — ao todo, cerca de 12 mil, segundo a Administração Biden.
A medida insere-se numa expansão do programa norte-americano de protecção temporária a imigrantes de países afectados por combates ou por desastres naturais, o que dá aos grupos seleccionados a possibilidade de viverem e trabalharem nos EUA de forma excepcional. O programa foi aprovado pelo Congresso dos EUA em 1990 e actualmente beneficia 320 mil pessoas.
As protecções foram reduzidas durante o mandato do ex-Presidente dos EUA Donald Trump, embora muitas delas tenham sido restauradas pelos tribunais norte-americanos.
O actual Presidente, Joe Biden, é um defensor do programa. Antes de ter aprovado a medida para os cidadãos dos Camarões, Biden já tinha feito o mesmo em relação a afegãos e a ucranianos, e propôs legislação que, a ser aprovada pelo Congresso, dará aos beneficiários do programa um caminho para a obtenção da cidadania.
Um relatório da organização Human Rights Watch, publicado em Fevereiro, dá conta de dezenas de casos de camaroneses sujeitos a violações dos direitos humanos depois de terem sido deportados para o seu país de origem durante a Administração Trump, entre 2019 e o início de 2021.