Morreu o actor francês Michel Bouquet aos 96 anos

Filmou com Chabrol, Resnais e Truffaut mas foi no teatro que passou grande parte da sua vida, onde interpretou clássicos de Strindberg a Beckett. Venceu por duas vezes o César de melhor actor.

Foto
Actor Michel Bouquet forogtafado em Paris em 2019 Laurent Viteur/WireImage/GettyImages

O actor francês Michel Bouquet, com uma carreira com mais de 70 anos e apelidado de “monumento do teatro” em França, morreu esta quarta-feira, em Paris, aos 96 anos, noticiou a agência France-Presse.

Apesar de ter filmado com nomes como Claude Chabrol ou François Truffaut, o teatro foi “o reino” de Michel Bouquet, escreve esta quarta-feira o jornal Le Monde, considerando-o “um monstro sagrado no exercício da sua arte”, pela exigência, rigor e intensidade em palco.

Nascido em Paris em 1925, Michel Bouquet iniciou-se na representação ainda na adolescência, no Teatro Chaillot, na capital francesa, e despediu-se dos palcos em 2017, com 93 anos, a interpretar Tartufo, de Molière.

Foto
Um dos seus últimos papéis no cinema foi num filme de Gilles Bourdos, encarnando o pintor Pierre-Auguste Renoir, nos últimos anos de vida.

“No teatro, a personalidade do autor é tão majestosa, seja [Harold] Pinter ou Molière, que não fazemos mais do que tentar transmitir a palavra da forma mais obediente possível. O mais importante é esquecermo-nos de nós próprios”, afirmou o actor, em 2019, em entrevista à France-Presse.

Nos palcos, Michel Bouquet interpretou tanto textos clássicos como contemporâneos, de August Strindberg a Samuel Beckett, de Molière a Eugene Ionesco, autor de quem interpretou pelo menos 800 vezes, ao longo de duas décadas, a peça O rei está a morrer.

No cinema, Michel Bouquet trabalhou com Jean Delannoy, François Truffaut, Luis Buñuel e, sobretudo, com Claude Chabrol. Deu ainda a voz ao documentário Noite e nevoeiro, de Alain Resnais, sobre o Holocausto.

Michel Bouquet venceu por duas vezes o César de melhor actor em Como matei o meu pai (2001), de Anne Fontaine, e em Um passeio pela História (2005), de Robert Guédiguian, no qual interpreta o papel do antigo Presidente francês, François Mitterrand.

Um dos seus últimos papéis no cinema foi num filme de Gilles Bourdos, encarnando o pintor Pierre-Auguste Renoir, nos últimos anos de vida.