Festival Músicas do Mundo aposta em 20 nomes no feminino
Os primeiros nomes para o festival que se realiza em Sines, em Julho, são todos de mulheres. Omara Portuondo, Ana Tijoux, Ava Rocha ou Aline Frazão são algumas das confirmações.
Os primeiros 20 nomes comunicados esta quarta-feira para actuar no FMM Sines - Festival Músicas do Mundo, agendado para 22 a 30 de Julho em Sines e Porto Covo, são todos de mulheres. Neste regresso do evento, depois de dois anos de paragem devido à pandemia, o primeiro nome a destacar é o da cantora Omara Portuondo, que terá em Sines uma das paragens da digressão mundial com que se despede dos palcos.
Dos cabarets da sua Havana natal aos melhores auditórios do mundo, incluindo a passagem pelo projecto Buena Vista Social Club, Omara é um símbolo da música cubana e um caso único de longevidade artística – terá 91 anos quando actuar no FMM. Outra artista de Havana programada para o festival, mas desta feita representando a nova geração, é Daymé Arocena, cantora, compositora e directora coral, que aproxima os ritmos de Cuba do jazz, da soul e da música clássica. Ainda das Américas, regressa ao evento a chilena Ana Tijoux. Iniciada no hip-hop, atravessa actualmente as fronteiras do género trazendo o disco Antifa Dance, muito marcado pela crise social que rebentou no Chile em 2019.
Outra chilena é Pascuala Ilabaca, que será acompanhada pela banda Fauna, com um espectáculo que girará entre os ritmos de festas populares da América Latina e sons mais eclécticos em torno do rock. Este será também um festival de vozes femininas do Brasil, como Ava Rocha, cantora, compositora, cineasta, performer, artista visual e sonora, montadora e poeta. Depois de um período de pandemia vivido com grande ritmo produtivo, vem a Sines com um novo álbum à vista. A mineira Bia Ferreira, outra artista multifacetada, multi-instrumentista, cantora, compositora, produtora e activista também estará presente, tratando de forma incisiva as temáticas ligadas ao racismo e homofobia.
A carioca Letícia Novaes, ou Letrux, é uma artista atenta à defesa dos direitos das mulheres e das minorias, tendo lançado em 2020 Letrux Aos Prantos, enquanto Marina Sena mistura pop alternativa com os géneros brasileiros. Outra artista das Américas confirmada é a cantautora do Quebeque Dominique Fils-Aimé, filha de pais imigrantes do Haiti, que tem vindo a explorar a paleta das músicas afro-americanas – blues, jazz e soul.
Já a lista de artistas mulheres africanas programadas começa em Marrocos, com Hindi Zahra, cantora, compositora e actriz com origens berberes e tuaregues, seguindo com Maya Kamaty, que expande os horizontes do maloya, música da ilha da Reunião, departamento francês no Oceano Índico, ao largo da África Oriental. Da África de língua portuguesa, estará presente a angolana Aline Frazão, com o novo Uma Música Angolana, ou Pongo, nascida em Angola e a viver em Portugal desde os oito anos, que traz a Sines o álbum, Sakidila. Também de Portugal, vêm Dulce Pontes ou Sara Correia, uma das novas vozes do fado.
Sediada em Barcelona, Maruja Limón é um quinteto feminino de flamenco de fusão com a pop e diversos ritmos latinos, enquanto Angélica Salvi, artista espanhola radicada no Porto, usa como ferramenta a harpa, com a qual se dedica à improvisação e à música contemporânea e electroacústica. Para a francesa Lucie Antunes, o foco está nas percussões, enquanto a compatriota Crystal Murray, 19 anos, mantém ligações profundas às músicas e às culturas afro-americanas e latinas.
O conjunto de confirmações termina em Atenas com Marina Satti, artista com ascendência grega e sudanesa, estando prevista para breve a comunicação de novos artistas da programação da 22.ª edição do festival (de 22 a 24 de Julho em Porto Covo, transitando no dia 25 para Sines, onde permanecerá até ao dia 30).