Descoberto método que pode permitir diagnóstico precoce do cancro renal
O cancro renal é um dos 20 cancros mais comuns e letais, especialmente entre os homens. Entre os doentes que sofrem de cancro renal, 20 a 30% apresentam metástases no momento do diagnóstico.
Investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto e médicos do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto descobriram um método inovador que pode permitir o diagnóstico precoce do cancro renal, foi anunciado esta semana. Em comunicado, o ICBAS esclarece que os especialistas identificaram biomarcadores em plasma que podem permitir o “diagnóstico precoce” de carcinoma de células renais, “a forma mais comum do cancro do rim”.
O cancro renal é um dos 20 cancros mais comuns e letais, especialmente entre os homens. Entre os doentes que sofrem de cancro renal, 20 a 30% apresentam metástases no momento do diagnóstico, observa o instituto, acrescentando que a descoberta, publicada na revista científica Cancers aumenta a probabilidade de os doentes receberem tratamento “atempadamente”.
Na investigação, os especialistas recorreram à tecnologia Digital Droplet PCR (DDPCR) para quantificar o material genético, uma vez que esta é “mais sensível, robusta, rápida e económica do que as técnicas convencionais”. Com a tecnologia, os investigadores conseguiram identificar no plasma micro-ARN, isto é, pequenas moléculas de ARN que, apesar de não levarem à produção de proteínas, estão envolvidas em vários processos fisiológicos.
“Este estudo analisou, pela primeira vez, a presença de micro-ARN em amostras de plasma de doentes de cancro renal por DDPCR, uma combinação muito bem-sucedida e que mostrou resultados altamente promissores”, afirma o instituto da Universidade do Porto. A investigação, desenvolvida durante dois anos, recorreu a 124 amostras de doentes com carcinoma de células renais e permitiu a identificação de “tumores em estadio localizado com uma sensibilidade de quase 90%”, reduzindo os falsos negativos e permitindo avançar com tratamento curativo (cirurgia). “Foi possível também identificar os doentes com subtipo de carcinoma renal mais comum e um dos mais agressivos, o carcinoma de células claras, nos quais uma detecção precoce é de grande importância”, observa o ICBAS.
Citado no comunicado, o primeiro autor do trabalho, José Pedro Sequeira, afirma que os resultados obtidos com a investigação “têm um grande potencial para serem aplicados na clínica”. “Agora será necessário completar o estudo com mais amostras, com a sua realização em vários centros hospitalares e com populações diferentes para, posteriormente, se poder avançar com a utilização desta técnica para detecção precoce da doença”, acrescenta o investigador, mestre em oncologia pelo ICBAS.
Também a directora do Centro de Investigação do IPO Porto, Cármen Jerónimo, salienta que o estudo “poderá permitir a detecção de tumores renais numa fase muito inicial de desenvolvimento, aumentando a probabilidade de cura dos doentes e a sua esperança e qualidade de vida”.