PJ investiga morte de aluno do Politécnico de Leiria com 18 anos
Caloiro vivia num apartamento com outros estudantes, para onde o 112 foi chamado para socorrer uma alegada vítima de um acidente doméstico. Jovem apresentava lesões torácicas que podem estar relacionadas com causa da morte. Politécnico e associação de alunos afastam ligação da morte com praxe.
A Polícia Judiciária está a investigar a morte de um jovem de 18 anos, caloiro do Instituto Politécnico de Leiria, que morreu esta quinta-feira no Hospital de Santo André. O jovem, que segundo avançou fonte da PSP ao PÚBLICO era oriundo do distrito da Guarda, estava a estudar em Leiria, onde vivia numa habitação com outros estudantes.
As suspeitas começaram com um telefonema “de um particular” ocorrido pelas 23h desta quinta-feira para o Comando Distrital da PSP de Leiria, dando conta de que tinha morrido um jovem no Hospital de Santo André.
“Os polícias de serviço deslocaram-se ao local e contactaram o pessoal médico que assistiu o jovem, infelizmente falecido, apurando que o mesmo tinha 18 anos, que deu entrada no Hospital de Santo André, ontem [esta quinta-feira], pelas 19h30, em paragem cardiorrespiratória”, refere a PSP em comunicado.
A nota dá ainda conta de que se apurou que foi recebida uma chamada para o 112, esta quinta-feira, pelas 19h11, “comunicando a necessidade de accionamento de assistência médica para um jovem, que alegadamente tinha sofrido um acidente doméstico”. Foi accionada uma ambulância para o local.
Das diligências que realizou, a PSP descobriu que o jovem falecido apresentava lesões torácicas que poderiam estar relacionadas com a causa da morte. O gabinete de imprensa do Centro Hospitalar de Leiria acrescenta que o jovem entrou no serviço de urgência “em manobras de reanimação, com um quadro de choque hemorrágico e apresentava duas feridas na região axilar”. O óbito, precisa-se, “foi declarado pelas 20h”.
“A PSP desenvolveu as diligências urgentes destinadas a identificar outros cidadãos relacionados com a ocorrência e, por não estarem claras as causas da morte, contactou o órgão de polícia criminal que detém a competência para investigar os factos em questão”, refere aquela polícia.
A Polícia Judiciária entrou então em campo, estando a fazer diligências desde a madrugada.
O Politécnico de Leiria já lamentou, em comunicado, a morte do estudante, adiantando que a informação de que dispõe sobre o sucedido ainda é “muito escassa” e que “se encontra a acompanhar de perto esta situação'’. E acrescenta: “O sucedido no apartamento particular onde o estudante residia está a ser investigado pelas autoridades competentes, não existindo informação que aponte para uma relação com actividades de praxe académica”. O Politécnico de Leiria garante que assim que “existam informações concretas e fidedignas sobre este lamentável acontecimento” comunicará pelos canais habituais.
"O estudante em causa não participava na praxe"
Também o presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPL, Joel Rodrigues, afasta a hipótese de a morte do estudante ter acontecido em contexto de praxe académica. “O estudante em causa não participava na praxe”, garante o dirigente, acrescentando que o acidente aconteceu numa casa arrendada, partilhada com outros alunos, pelo menos um dos quais era também “caloiro”, mas de uma outra licenciatura da instituição.
A vítima era estudante do primeiro ano do curso de Solicitadoria. Ao final da tarde desta quinta-feira terá embatido contra uma janela do apartamento onde vivia, segundo o dirigente. Foram os vidros quebrados a causar-lhe a lesão fatal. “Não sabemos em que contexto aconteceu o acidente: se foi uma brincadeira ou uma distracção que o levou a embater contra uma janela que julgava estar aberta”, explica Joel Rodrigues ao PÚBLICO, com base em informações que recolheu na noite de quinta-feira junto de da família e de um dos colegas de casa da vítima.
Também não é claro se a vítima estava acompanhada ou sozinha em casa no momento do incidente, segundo o dirigente estudantil: “As primeiras informações que tivemos foi que o estudante estava desaparecido, incontactável”.
Os professores do primeiro ano do curso de Solicitadoria decidiram não dar aulas nesta sexta-feira. Em vez disso, as horas lectivas foram usadas para confortar os estudantes que estavam “muito consternados” com a situação, segundo o presidente da associação de estudantes, que passou a madrugada com os colegas da vítima.