Euribor a 12 meses cada vez mais perto de atingir valor positivo
A taxa a 12 meses atingiu 0,063%, o valor mais alto desde Julho de 2016, o que vai aumentar os encargos dos empréstimos à habitação.
As taxas Euribor estão a recuperar valor a um ritmo bem mais célere do que o esperado, agravando os custos com os empréstimos à habitação, por enquanto ainda de forma gradual. O prazo a 12 meses, o mais usado nos contratos mais recentes, está praticamente a anular o valor negativo, antecipando a entrada em terreno positivo nos próximos dias, quando ainda há poucos meses se esperava que esse patamar fosse atingido apenas no final do corrente ano.
A Euribor a 12 meses subiu esta quarta-feira para -0,063%, mais 0,030 pontos que na sessão anterior, atingindo um novo máximo desde Julho de 2016. Esta taxa entrou em terreno negativo a 5 de Fevereiro de 2016, e atingiu o seu valor mais baixo de sempre a 20 de Dezembro de 2021, ao fixar-se em -0,518%.
A taxa a seis meses, a mais utilizada no conjunto dos contratos à habitação existentes em Portugal subiu para -0,361%, mais 0,014 pontos do que na terça-feira, o que a atira para máximos desde Agosto de 2020, e deixa mais longe o mínimo de sempre, de -0,554%, verificado em 20 de Dezembro de 2021.
A Euribor a três meses também anulou uma parte significativa do valor negativo, ao fixar-se em -0,463%, contra o mínimo de sempre de -0,605%, verificado em 14 de Dezembro de 2021.
O valor negativo das Euribor tem contribuído para reduzir a prestação mensal dos empréstimos que têm na sua base a taxa variável, e em muitos contratos anulou totalmente o pagamento de juros, uma vez que permitiu anular os spreads (ou margem comercial do banco) mais baixos.
A subida da inflação na zona euro e o receio das medidas que o Banco Central Europeu possa ter de tomar para a controlar, nomeadamente a subida da taxa de juro de referência, explica as subidas mais expressivas no mercado interbancário. A guerra na Ucrânia, na sequência da invasão pela Rússia, em 24 de Fevereiro, também está a contribuir para uma maior incerteza, até pelo impacto que tem nos preços das matérias-primas energéticas, alimentares e outras, potenciadores de maior inflação.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Em Portugal, a grande maioria dos empréstimos para compra de casa está associada às taxas Euribor, ou seja, sujeitas a variações diárias, e apenas uma pequena parte a taxas fixas, sem variação durante o período contratado.