Benfica-Liverpool: jogar pelo que resta da época

“Águias” recebem o segundo classificado da Premier League inglesa em jogo a contar para a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões.

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Darwin Nuñez será a principal referência atacante do Benfica EPA/MARIO CRUZ

A Europa tem sido um refúgio para o Benfica. Já sem muito por que lutar a nível interno, os “encarnados” têm-se superado na Liga dos Campeões, mais como o Benfica de outros tempos e nada a ver com o Benfica que vai desiludindo semana sim, semana não na Liga portuguesa. Nesta terça-feira (20h, TVI), depois de mais um desaire, o Benfica volta ao seu palco mais confortável, mas com uma missão que não podia ser mais difícil, a de enfrentar o Liverpool na primeira mão dos quartos-de-final da Champions. Os “encarnados” esperam viver na Luz mais uma grande noite europeia, como já tiveram esta época, mas os “reds” são uma equipa em grande forma, com a moral em alta e os objectivos intactos.

É verdade que o Benfica tem sabido quase sempre reagir na Champions às adversidades sofridas na Liga portuguesa. Ainda em Dezembro do ano passado, depois de um desaire caseiro com o Sporting, ainda com Jorge Jesus no comando, os “encarnados” triunfaram na Luz sobre o Dínamo Kiev e selaram o apuramento para os “oitavos”. Mais à frente, já com Nélson Veríssimo, o Benfica resistiu ao Ajax na Luz (2-2) depois de um empate no Bessa com o Boavista, selando o apuramento para os “quartos” em Amesterdão com um triunfo por 0-1, poucos dias após empate caseiro com o Vizela.

Será na ressaca do desaire em Braga (que deixou a equipa a nove pontos do segundo lugar) que as “águias” regressam à Champions, com uma equipa quase na máxima força (apenas sem Lucas Veríssimo e Rodrigo Pinho) e disposta a fazer o mesmo ao Liverpool o que já fez esta época a Barcelona e Ajax. “Campeonato e Champions são competições diferentes, com envolvências diferentes. A equipa tem dado resposta e espero que volte a dar uma boa resposta”, assinala Nélson Veríssimo, cuja passagem pelo banco dos “encarnados”, com a excepção dos jogos com o Ajax, não tem sido um grande sucesso – apenas oito vitórias em 17 jogos.

“Temos de reconhecer que o Liverpool é uma equipa com potencial individual e colectivo muito elevado. É uma eliminatória complicada, mas acreditamos que podemos dividir a eliminatória com o Liverpool. Reconhecemos qualidade, capacidade e mérito ao Liverpool. Estando ao nosso nível, podemos suprimir os pontos fortes do Liverpool, que tem variedade nas dinâmicas ofensivas e gosta de pressionar alto. Vamos ter de ter uma competência muito grande. Jogo difícil certamente será, temos de contar com 12.º jogador, que é o nosso público, para alavancar a nossa equipa para uma grande noite europeia”, analisou o técnico dos “encarnados”.

Uma derrota em 2022

O Liverpool parece ser um desafio com um grau de dificuldade superior aos que o Benfica já enfrentou está época na Champions. Não só pelo estatuto, mas também pela forma actual – dez vitórias seguidas na Premier League, com um impressionante registo de 25 golos marcados e apenas dois sofridos. É por isto que os “reds” estão a apenas um ponto de distância do Manchester City no campeonato e podem até passar para a frente já no próximo domingo em caso de triunfo no Etihad sobre a equipa de Pep Guardiola.

O Liverpool parece invencível, mas não é. E a única derrota que os “reds” sofreram em 2022 foi precisamente na segunda mão dos oitavos-de-final, um 0-1 em Anfield frente ao Inter Milão que chegou para assustar a equipa de Jürgen Klopp – os “nerazzurri” ficaram a meio da recuperação de uma derrota de 0-2 na primeira mão, e, não fosse a expulsão de Alexis Sánchez aos 63’, o resultado podia ter sido bem diferente.

Esta será a segunda vez que o Liverpool defronta uma equipa portuguesa esta época, depois do duplo confronto (e dupla vitória) com o FC Porto durante a fase de grupos. E Klopp diz que está bem informado sobre o Benfica, graças às conversas com Diogo Jota e com os seus adjuntos Pepjin Linders (que esteve seis anos ligado à formação do FC Porto) e Vítor Matos (também um ex-FC Porto). Também tentou sacar informação a Luis Díaz, que até Dezembro passado jogava na liga portuguesa, mas não conseguiu.

“Estive com os jogadores de manhã, já partilhámos informações e vamos usá-las. O Díaz tentou, mas não percebemos uma palavra”, comentou o técnico alemão, que classificou o Benfica como um adversário difícil apesar da má época que tem feito a nível interno: “O Benfica é uma das melhores equipas em Portugal, não estão onde querem estar na liga. É um oponente forte, uma boa equipa, temos de ser realmente muito bons.”

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