Epicentro: dois meses de concertos (e não só) para agitar Coimbra

São 60 eventos distribuídos por 11 espaços da cidade, para fazer eco da música que se faz na Região Centro.

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A Omnichord, que construiu um catálogo de mais de 50 edições, estará presente no festival Epicentro DR

Apresenta-se como um “sismógrafo musical” do que se produz na região centro. Olha essencialmente para música e apresenta-a em concertos e DJ sets, mas relaciona-a com documentários, visitas guiadas, leituras, conversas e oficinas, num programa que se espalha por 11 pontos de Coimbra e se estende ao longo de dois meses. Esta é a proposta do Epicentro, uma iniciativa da plataforma Blue House que arranca este sábado e vai até 29 de Maio.

Cada espaço por onde passa o Epicentro está ligado a um conceito, explica Ricardo Jerónimo, da Blue House. A Praça do Comércio, palco ao ar livre onde Eli MacFerry, o duo Sete Pés, Alex Lima, Portuguese Pedro, Raquel Ralha & Pedro Renato (que já se cruzaram em projectos como Belle Chase Hotel e WrayGunn) e Senhor Doutor abrem este sábado as hostilidades, a partir das 15h, foi pensada para sonoridades “amigáveis ao transeunte”, diz.

Nomes como Miramar (que junta Frankie Chavez e Peixe), JP Simões, ou os pianistas Luís Figueiredo e Helder Bruno apresentam-se num espaço mais contemplativo, o Seminário Maior, que abre as portas de 8 a 10 de Abril para concertos e visitas guiadas.

O Grémio Operário de Coimbra é o palco que dá resposta à pergunta “cidade do rock?” De 12 a 14 de Maio, a sala do centro da cidade que reabriu em 2021 recebe os Speeding Bullets, “banda histórica de Coimbra que esteve recentemente na Blue House a gravar o disco que nunca gravou” e o regresso dos Stone Dead “depois de um hiato nos últimos anos”, conta Ricardo Jerónimo, que assume a direcção de produção. O rock ‘n’ roll dos The Dirty Coal Train também vai lá estar.

Depois do ano zero, a expansão

Esta é a segunda edição de um festival que arrancou em 2019, embora num formato diferente. Nessa “espécie de ano zero”, como lhe chama Jerónimo (que com Joana Corker e Henrique Toscano forma os Birds Are Indie), a ideia era rasgar um espaço de três noites para bandas de Coimbra. A seguir a essa primeira edição, que teve a sua casa no Salão Brazil, estava planeado que o Epicentro crescesse gradualmente. Mas 2020 e 2021 acabaram por ser anos de interrupção, por causa da pandemia. Agora, 2022 marca o regresso, de uma versão já alargada no espaço e no tempo.

As quartas-feiras de Abril, de 6 a 27, são dias de ir à Casa do Cinema de Coimbra para documentários sobre os First Breath After Coma (We Were Floating High), sobre música electrónica em Portugal (Tecla Tónica), sobre os Sean Riley & The Slowriders (Farewell), e sobre os Tédio Boys (Filhos do Tédio).

Salão Brazil, Centro Cultural Penedo da Saudade, o bar Liquidâmbar, a Casa da Esquina, o Teatro da Cerca de São Bernardo, são outros dos pontos deste programa montado pela Blue House, um nome que significa um estúdio de gravação, uma produtora de eventos, mas também uma agência que trabalha com cerca de 20 projectos com ligação a Coimbra.

Nesta agenda cabem também conversas com pessoas que estão à frente de projectos que ajudaram a arejar outras cidades da Região Centro, como o Jardins Efémeros e o espaço Carmo 81, em Viseu, ou o Festival A Porta e a editora Omnichord, em Leiria. Os temas em discussão no Centro de Artes Visuais vão desde a indústria à programação cultural. “Sentimos que é mais produtivo se estivermos em diálogo e partilharmos mais experiências, para tentar reflectir sobre o que significa fazer cultura num território que fica entre Lisboa e Porto”, resume Ricardo Jerónimo.

No último fim-de-semana do Epicentro, de 27 a 29 de Maio, além de várias leituras encenadas, a Casa da Escrita recebe concertos de Adolfo Luxúria Canibal + Marta Abreu e de Rita Dias.

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