Quatro milhões de euros para despoluir o rio português que já foi o mais poluído da Europa
Despoluição do rio Leça será realizada no âmbito da criação do Corredor Verde. A associação intermunicipal composta pelos quatro municípios banhados pelo rio terá de aplicar o financiamento até 2023.
A Associação de Municípios Corredor do Rio Leça conseguiu garantir 4 milhões de euros para a despoluição do rio que já foi considerado um dos mais poluídos da Europa. Este montante servirá para financiar uma intervenção de limpeza e beneficiação do rio que, de há uns anos para cá, está no centro de uma obra maior em curso, que passa pela requalificação da zona envolvente.
O protocolo para a candidatura ao Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), submetido no final do ano passado, estabelece a cooperação entre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a associação composta pelos quatro municípios banhados pelo Leça - Santo Tirso, Matosinhos, Valongo e Maia. Quando a candidatura deu entrada, o então ministro do Ambiente que agora cessou funções no Governo, João Pedro Matos Fernandes, dava quase como certo que o resultado da mesma seria o melhor.
Agora já confirmado, este financiamento terá de ser gasto até 2023. De acordo com comunicado da câmara de Matosinhos, os 4 milhões de euros serão aplicados na “limpeza, replantação das margens e contenção de erosão com recurso a técnicas de engenharia natural”. A intervenção coordenada pelos técnicos do Corredor do Rio Leça irá possibilitar “uma investigação minuciosa” de todo o percurso do rio e seus afluentes e a “adaptação às alterações climáticas, redução do risco de cheias e promoção da qualidade da água”.
Durante os trabalhos que estão programados está previsto retirar-se todos os resíduos que permanecem no leito e margens, como pneus e outros materiais de grande volume, e plásticos de pequena dimensão que permanecem na vegetação após as cheias. Ao mesmo tempo será efectuada a “inventariação, georreferenciação e investigação de todas as captações de água e tubos que podem libertar poluentes nas linhas de água a coberto da vegetação para evitar futuros episódios de poluição”. Será ainda feito um esforço para combater o surgimento de plantas invasoras, optando-se pela replantação da vegetação das margens com espécies autóctones. Criar-se-ão ainda “zonas húmidas”, com charcos e viveiros de plantas aquáticas de forma a apoiar “o restauro do ecossistema”.
Na sequência da intervenção, todas as autarquias envolvidas irão promover apresentações públicas aos munícipes, que estarão abertas à participação dos cidadãos. Também será criado um website para divulgar o projecto.
A obra de reabilitação e valorização das margens do rio Leça e principais afluentes já está em marcha desde 2019. O resultado do início da primeira fase da intervenção já é visível. Este lanço corresponde ao percurso de cerca de 7 quilómetros, entre o Parque das Varas, junto ao Mosteiro de Leça do Balio e ao centro empresarial onde foi inaugurada a sede da associação intermunicipal, e a Ponte de Moreira. Neste troço abre-se caminho para a construção de ciclovias e percursos pedestres ao longo das margens do rio.
A empreitada seguirá até à foz do rio, já no centro de Matosinhos. Quando a obra estiver concluída na totalidade, existirão ao longo desse percurso de 18 quilómetros mais quatro pontes para peões e para ciclistas.
Actualmente, em vários pontos das margens, ainda continuam a ser feitas descargas de resíduos poluentes. Esta circunstância levou a autarquia a considerar fazer um esforço no sentido de apertar o cerco aos responsáveis pelas descargas e identificá-los. Responsável por esse levantamento está a GNR, que também estará atenta ao depósito de entulho de obras e desperdício doméstico que muitas vezes se acumula nas margens. A segunda fase do corredor avançará entre a Ponte de Moreira e a Ponte do Carro. Só depois desta empreitada é que se concluirá o projecto até à foz do Leça. Ao todo, a empreitada abrange uma área de 18 quilómetros e está orçada em cerca de 20 milhões de euros.