Bandeira trans foi hasteada nos Paços do Concelho pelos vereadores de esquerda
Apesar da câmara de Lisboa ter aprovado, com os votos da oposição, que a bandeira trans fosse hasteada nos Paços do Concelho esta quinta-feira, Dia da Visibilidade Trans, a coligação PSD/CDS não cumpriu a decisão. Alguns vereadores das forças de esquerda içaram a bandeira no edifício dos seus gabinetes.
Ao contrário do que ficou decidido na reunião pública do executivo camarário desta quarta-feira, a coligação do PSD/CDS não hasteou a bandeira do movimento trans nos Paços do Concelho esta manhã, em comemoração do Dia da Visibilidade Trans, o que levou alguns vereadores do Cidadãos por Lisboa (CPL), Bloco de Esquerda (BE) e Livre a içar a bandeira no edifício ao lado da câmara, onde ficam os gabinetes da vereação.
“Para quem afirmou que estaria sempre ao lado da defesa dos direitos humanos e da diversidade, como fez ontem Moedas, não ter cumprido a deliberação aprovada é um desrespeito. Há bandeiras que não se deixam cair”, afirmaram os Cidadãos por Lisboa esta quinta-feira num comunicado enviado às redacções.
Além de temas como a ciclovia da Av. Almirante Reis, os transportes públicos ou a companhia dos Artistas Unidos, a reunião de câmara pública deste mês ficou marcada por iniciativas relacionadas com as pessoas trans apresentadas pelos vereadores das forças de esquerda. Para além do BE, que apresentou uma moção para a câmara instar o Governo e a DGS a criarem uma unidade de saúde para pessoas trans, também a vereadora independente, Paula Marques, do CPL, eleita pela coligação PS/Livre, propôs um voto de saudação do Dia da Visibilidade Trans, que causou divisões entre os vereadores.
Mais do que saudar esta data e as organizações que a convocaram (como a Acção pela Identidade, a Casa T, o projecto Anémona, a Rede Ex Aequo e a Transmissão), assim como os colectivos LGBTI+, a moção do CPL tinha um terceiro ponto em que propunha que a cada dia 31 de Março fosse hasteada nos Paços do Concelho a bandeira do movimento internacional trans — azul, rosa e branca —, para “homenagear as conquistas” desta comunidade.
Contudo, o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), mostrou-se reticente a aprovar o hasteamento da bandeira e propôs que se votasse a moção por pontos, dando assim espaço de manobra à coligação “Novos Tempos” para votar contra esta iniciativa.
“Saudar a manifestação do Dia da Visibilidade Trans? Obviamente. Terão sempre o meu apoio. Apoiar as organizações que convocaram esse dia? Saudá-los, com muito gosto. Saudar o trabalho dos colectivos LGBTI+ pela sua incansável e constante luta? Tudo bem”, começou por dizer o autarca. Mas no que toca ao içar da bandeira, Moedas defendeu que este tema merecia “uma discussão” sobre as bandeiras que devem ser colocadas “na frente do município”. “Nós precisamos de ter critérios específicos”, afirmou.
Apesar disso, a proposta, que foi subscrita também pelos vereadores Miguel Graça (CPL), Pedro Anastácio (PS), Cátia Rosas (PS), Rui Tavares (Livre) e Beatriz Gomes Dias (BE), foi aprovada com os votos contra do PSD e do CDS e a abstenção da vereadora Filipa Roseta, pelo que a câmara ficou obrigada a colocar a bandeira trans nos Paços do Concelho todos os anos nesta data, o que não aconteceu na manhã desta quinta-feira.