A ideia é simples: encontrar beatas descartadas que se parecem com obras de arte ou monumentos, identificá-las com placas provocativas e limpá-las, não sem antes adicionar cada peça ao Museu da Beata, uma exposição numa galeria virtual no Instagram da marca Maria Beata. Leandro Alvarez, da Lola-Normajean, diz que a ideia da campanha surgiu quando a agência se cruzou com um “dado surpreendente”: “As beatas de cigarro representam um terço do lixo que é recolhido dos mares”. Depressa se pensou numa campanha de consciencialização que “chamasse a atenção para este problema” e mostrasse “o lado ridículo do hábito [atirar beatas para o chão] que, além de ser repugnante, tem consequências perversas para o ambiente.”
“Estamos a construir certas aberrações, coisas que parecem saídas da mente de um artista e a documentar tudo isso, mas, ao mesmo tempo, estamos a limpar. Estamos a dizer ‘Vamos tentar não fazer isto de novo e que não haja mais cópias dessas obras por aí’”, esclarece o director criativo brasileiro.
Foi na procura por um parceiro para esta iniciativa que a Lola-Normajean cruzou caminhos com a Maria Beata, uma “empresa engraçada” que vende cinzeiros portáteis com um design “diferente”, com o objectivo de combater a poluição causada pelas beatas dos cigarros. “A génese da Maria Beata é justamente muito ambiental, eles defendem que a marca existe para ajudar a evitar que este tipo de lixo chegue aos oceanos. Então foi fantástico, porque estávamos em sintonia e arrancamos com o projecto.”
Assim, uma beata atirada para uma concha no areal torna-se a obra O Nascimento da Parvoíce, em comparação com a grande obra de Botticelli, O Nascimento de Vénus. Beatas organizadas em círculo são baptizadas Stonehenge.
Ainda que a colecção esteja “desenhada para desaparecer”, as obras são eternizadas no Instagram da Maria Beata, onde qualquer um pode ver e tornar-se curador do museu. “Nós estamos já a receber obras que vêm dos próprios seguidores da página. Há coisas mesmo absurdas e agora o acervo do museu vai ser ampliado com a participação das pessoas”, diz Leandro Alvarez.
Quantos mais curadores houver, “mais limpas ficarão as ruas”, remata. “É o nosso grãozinho de areia nesta questão.”
Texto editado por Ana Maria Henriques