Como salvar a Amazónia? A solução pode estar nos NFT

A empresa brasileira Nemus decidiu vender NFT com o objectivo de conservar e preservar a floresta tropical da Amazónia.

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Nemus/Reuters

Uma empresa brasileira que detém 410 quilómetros quadrados da floresta tropical da Amazónia está a disponibilizar uma nova forma de financiar a conservação: vender tokens não-fungíveis (NFT), que permitem aos compradores patrocinar a preservação de áreas específicas da selva.

Os NFT são uma espécie de recurso criptográfico cuja popularidade explodiu em 2021, com uma assinatura digital singular que garante que são únicos. Outros esforços para financiar a conservação através dos NFT incluem planos para uma reserva natural da África do Sul.

No Brasil, uma empresa chamada Nemus começou a vender NFT, garantindo aos compradores o apadrinhamento único de sectores de diferentes tamanhos da floresta, com os fundos a serem usados para preservar as árvores, regenerar áreas bem definidas e fomentar o desenvolvimento sustentável.

Os detentores de tokens não vão ser proprietários do terreno em si, mas terão acesso a informação-chave sobre a sua preservação, desde imagens de satélite até licença e outra documentação, afirma o fundador da Nemus, Flavio de Meira Penna.

O criador da empresa diz que a Nemus tinha vendido 10% de uma proposta inicial de tokens por 8 mil hectares no primeiro dia. “O meu palpite é que isto irá acelerar rapidamente nas próximas semanas”, afirma à Reuters Penna, acrescentando que a tecnologia blockchain garantirá a transparência no uso dos fundos.

Os lotes variam em tamanho, desde um quarto de um hectare a 81 hectares, que os compradores serão capazes de localizar em mapas online. Os NFT dos lotes mais pequenos são vendidos por 150 dólares (cerca de 137 euros); os maiores, por 51 mil dólares (mais de 46 mil euros). O fundador da Nemus espera angariar entre quatro e cinco milhões de dólares (entre cerca de 3,6 e 4,5 milhões de euros) para comprar uns dois milhões de hectares de terra adicionais já sob negociações no município de Pauini, no estado do Amazonas.

Para além de preservarem a floresta, Penna refere que os fundos iriam apoiar iniciativas de desenvolvimento sustentável, como a colheita de bagas de açaí e de castanha-do-brasil por parte das comunidades em Pauini, que é do mesmo tamanho que a Bélgica.

Cada token vem com uma ilustração de uma planta ou animal da Amazónia, idealizada pela Concept Art House, de São Francisco, nos EUA, que se dedica à programação e distribuição de NFT.

Os críticos têm questionado o valor dos NFT para causas ambientais, visto que os tokens que utilizam a tecnologia blockchain necessitam de capacidade computacional intensa, levando a uma procura pela geração de electricidade que liberta gases de efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global.

Penna descartou esse ponto de vista, afirmando que a preservação de áreas ameaçadas da Amazónia supera o custo ambiental das transacções dos NFT.