Sismos nos Açores: parte da ilha de São Jorge prepara-se para receber mais de metade da outra
A população das Velas prepara-se para sair do concelho para ir para o outro município da ilha, a Calheta, onde até se equaciona o encerramento da escola para acolher pessoas. Mais de 300 operacionais estão envolvidos.
Desde sábado que a ilha de São Jorge, nos Açores, está em sobressalto. Uma crise sismo-vulcânica já gerou mais de dois mil sismos, pelo menos 142 dos quais sentidos pela população. O clima é de ansiedade na ilha, face à possibilidade de uma erupção ou de um sismo de maior magnitude.
O epicentro das ocorrências está no município de Velas e o governo regional já recomendou às pessoas com dificuldades de mobilidade para abandonarem o concelho. A população prepara as malas e muitos já se deslocaram para o outro concelho da ilha, Calheta, que historicamente serve de socorro à população das Velas, uma vez que o maior município jorgense tem sofrido várias catástrofes ao longo da sua história.
Ao PÚBLICO o presidente da Câmara da Calheta, Décio Pereira, garante uma vila mobilizada para receber a população do concelho vizinho, que dista cerca de meia hora de carro. “Nós, numa situação dessas, estamos a mobilizar todos os meios, mesmo alguns meios civis de pessoas que estão disponíveis para colaborar com um cenário mais trágico”, começou por dizer.
Ainda antes dos avisos das autoridades, muitos cidadãos já começaram a sair da vila das Velas nos últimos dias. “Sabemos que muitas pessoas do concelho vizinho já se deslocaram para casas de amigos e familiares e pessoas conhecidas para estarem um pouco mais salvaguardadas, caso aconteça alguma coisa”, acrescentou.
São Jorge tem cerca de oito mil habitantes: cinco mil estão nas Velas, três mil na Calheta. O presidente do município calhetense assegura condições para receber toda a gente. “Acho que podemos receber todas as pessoa, desde que tenham compreensão e percebam que estamos numa situação crítica”, refere, antes de deixar a garantia: “Podemos albergar todas as pessoas necessárias.”
Décio Pereira lembra que o concelho tem “muitos locais” para receber os cidadãos, como “centros recreativos”, “filarmónicas”, “casas do povo” distribuídos pelas várias freguesias. “Não será nas condições que nós temos nas nossas casas, as coisas são como são, mas temos essa capacidade e estamos a equacionar o encerramento da escola para abrigar [mais pessoas]”, insiste.
Agora, a prioridade é garantir que todos aqueles lugares “estão disponíveis” e assegurar o “elo de ligação” entre os diferentes organismos. Para o terreno estão preparados 300 operacionais, “entre funcionários municipais e operacionais” da segurança. “Dentro desse mecanismo todo que está em andamento, estamos a preparar alguns géneros [alimentícios], gás, combustíveis, enfim, tudo o que é necessário para acolher as pessoas.”