CAP espera para ver como será segundo mandato de Maria do Céu Antunes
Confederação dos Agricultores de Portugal aprova agregação das pescas sob o Ministério da Agricultura e considera “perfeita” a junção com a Alimentação. Críticas vão sobretudo para a separação das Florestas, que se manterão na pasta do Ambiente.
“A manutenção da ministra é uma escolha do sr. primeiro-ministro, não tenho mais nada a dizer”, começou por responder Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) à notícia, desta quarta-feira, que Maria do Céu Antunes se manterá titular daquele que será o Ministério da Agricultura e Alimentação do próximo Governo.
“Agora, vai depender se vai haver ou não vai haver alteração a alguma forma de fazer política relativamente ao mandato anterior, que, na nossa perspectiva, precisa de ser muito afinada, atendendo às circunstâncias que estamos a viver, agravadas agora pela questão da guerra da Ucrânia”, explicou o líder da confederação ao PÚBLICO, após o XIII Congresso Nacional do Milho, que encerrou esta quinta-feira em Santarém. A CAP espera para ver? “Exactamente”.
No que toca à ida das Pescas para o ministério “não há nada a obstar”, disse, “até porque o conselho que reúne em Bruxelas chama-se Agrifish” (Conselho Agricultura e Pescas) – “a situação anterior é que não era a mais interessante”. O facto de haver um outro ministério que assume o Mar, que passa para a Economia, “são coisas distintas”, afirmou Oliveira e Sousa, porque remete para “o desenvolvimento do mar agregado ao Ministério da Economia, tem que ver com as outras vertentes que integram a exploração dos recursos associados aos oceanos”.
E sobre a associação entre Agricultura e Alimentação? “Acho perfeito. A agricultura é a base de alimentação”, mas, sublinha, para que “ela não falte, é preciso que haja agricultores”. “E para que haja agricultores, eles têm que ter as políticas adequadas àquilo que eles praticam”, reiterou.
As críticas da nova orgânica vão para o não regresso das Florestas ao Ministério da Agricultura – “infelizmente” – de onde saíram em finais de 2019 para ficarem desde então sob a tutela do Ambiente. “Nós valorizamos a floresta nas duas componentes: a ambiental e produtiva”. “As pessoas são as mesmas, os agricultores são os produtores florestais, não tem cabimento tratar as florestas como se fossem um parque temático ou uma máquina de absorver a poluição dos outros, minorando os proprietários” e tratando-os “como uma espécie de obrigacionistas, no sentido de serem obrigados a manter a casa limpa ou o jardim varrido”. “É uma visão diferente, com a qual não concordamos, manifestámos a nossa discordância, mas quem manda é quem pode, e por isso a decisão está tomada – lamentamos”, conclui.
Sobre a avaliação global sobre a composição e orgânica de todo o Governo agora anunciado, Eduardo Oliveira e Sousa remeteu para daqui a uns dias. “Isso é um assunto que vai ser objecto de análise em sede de reunião de direcção, que só na próxima semana vamos tomar”, disse o presidente da CAP.