Simone de Oliveira: “O mal fica atrás da cortina, eu fiz sempre tudo à frente da cortina”
Dia 29 de Março, Coliseu dos Recreios, 21h30. Aos 84 anos, 65 de carreira, um dos maiores nomes da canção portuguesa vai despedir-se dos palcos. Pouco antes, recebe o Ípsilon em sua casa. Guia-nos por uma vida cheia e intensa, conduz-nos através dela pelo país que, esta quinta-feira, completou mais dias em democracia que aqueles que sofreu nos 48 anos de ditadura.
De uma das janelas vemos uma rua estreita, tão próxima do bulício turístico que é hoje o do lisboeta Príncipe Real, tão aparentemente longe dele no silêncio e calmaria que se sente e avista. De outra janela, abre-se a vista para um condomínio privado, espaço fechado de semblante triste e solitário. Simone de Oliveira pergunta para que terão construído ali uma piscina, se nunca lá viu uma alma que fosse. É entre as janelas, na pequena sala da casa que é a sua há décadas, aquela em que vive sozinha desde que a morte lhe levou, em 1995, Varela Silva, actor e encenador, o companheiro a quem deixa um candeeiro aceso noite fora para se acomodar — “ele dizia-me sempre ‘deixa-me uma luz’ e há uma luz acesa há 26 anos” —, que Simone recebe o Ípsilon.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.