MAI determina abertura de inquérito à morte do agente Fábio Guerra
Os dois fuzileiros detidos pela Polícia Judiciária na segunda-feira devem ser ouvidos esta quarta-feira em tribunal. Há mais um suspeito no caso, que estará em fuga.
A ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, determinou à Direcção Nacional da PSP a abertura de um inquérito para “apurar os factos relativos ao falecimento do agente Fábio Guerra, com vista à decisão sobre a atribuição de compensação especial por morte aos herdeiros”, informou o Ministério da Administração Interna (MAI) em comunicado.
No mesmo comunicado, o MAI revela que a ministra também determinou a criação de um Programa Especial de Policiamento de Proximidade, a que vai chamar Programa Fábio Guerra, e que visa a promoção da segurança e paz e a prevenção da criminalidade nas zonas de diversão nocturna.
De acordo com o MAI, Francisca Van Dunem pede ainda a condecoração, a título póstumo, do agente Fábio Guerra com a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública.
“O agente Fábio Guerra acabou por falecer na sequência de um acto de generosidade, ao tentar restaurar a paz pública e revelando um superior sentido de missão, merecendo por esse motivo o devido reconhecimento público espelhado, nomeadamente, nestas três acções”, lê-se no despacho da ministra.
Entretanto, a investigação por parte da Polícia Judiciária (PJ) continua e com mais desenvolvimentos. Há mais um suspeito no caso das agressões que levaram à morte do agente Fábio Guerra.
Segundo o Correio da Manhã e a CNN Portugal, este suspeito ainda não foi detido porque estará em fuga. Trata-se de um homem cujo pai foi morto a tiro, a 22 de Dezembro de 2020, à porta de um hipermercado de Fernão Ferro, no Seixal, após uma troca de tiros com a GNR.
O pai era procurado por crimes de roubo e foi morto a tiro depois de disparar contra dois militares da GNR que o tentavam deter. Nesse episódio um dos militares da GNR também foi baleado, mas sobreviveu.
Já os dois fuzileiros que foram detidos pela PJ, na segunda-feira à noite, na Base Naval do Alfeite, devem ser presentes esta quarta-feira a um juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
Na segunda-feira, em comunicado, a PJ garantiu que os suspeitos foram detidos fora de flagrante delito “por existirem fortes indícios da prática de crimes de homicídio qualificado e ofensa à integridade física qualificada, que vitimaram cinco agentes da Polícia de Segurança Pública, um dos quais, infelizmente, acabou por falecer, como consequência das agressões sofridas”.
Acresce que, segundo o mesmo comunicado, as diligências entretanto efectuadas - buscas domiciliárias e não domiciliárias aos três arguidos, incidindo sobre as suas residências, viaturas e unidade militar - permitiram “reunir fortes indícios da autoria dos crimes praticados e sustentaram a emissão, pela Autoridade Judiciária competente, de mandados de detenção, fora de flagrante delito”.
Nessa mesma noite a PJ também deteve um terceiro indivíduo, civil, que acabou por sair em liberdade na terça-feira, embora tenha sido constituído arguido por participar na rixa em frente à discoteca Mome, em Lisboa. No caso deste suspeito não se provou que tenha participado nas agressões ao agente Fábio Guerra, na madrugada de sábado.
O corpo do agente Fábio Guerra será esta quarta-feira trasladado para a Covilhã, de onde é natural, num percurso que a PSP quer que seja uma homenagem.
De acordo com um comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP), o corpo do agente será trasladado pelas 14h, hora a que sai do Instituto de Medicina Legal em direcção ao Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide, e daí para a Covilhã.
Esta força policial adianta que o velório na Covilhã será reservado aos familiares do agente, havendo uma missa agendada para quinta-feira, na Igreja de São José na Covilhã. O corpo será depois escoltado pelo Comando Metropolitano de Lisboa da PSP para o Cemitério da Covilhã.