Juiz dispensa Mário Machado de se apresentar quinzenalmente na esquadra para combater na Ucrânia

O neonazi Mário Machado estará a caminho da Ucrânia com um grupo de vinte elementos. Decisão do juiz tem por base “ajuda humanitária”.

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Mário Machado ENRIC VIVES-RUBIO/ARQUIVO

Mário Machado, neonazi arguido num processo de posse ilegal de arma, discriminação racial, discurso e propagação de ódio na Interne​t, já não está obrigado a cumprir a medida de coacção de apresentações quinzenais numa esquadra de polícia. ​Isto porque, segundo avançou o Expresso e confirmou o PÚBLICO, Mário Machado está a caminho da Ucrânia alegando querer prestar ajuda humanitária.

O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) considerou que perante a situação humanitária vivida na Ucrânia e as finalidades invocadas pelo arguido para a sua pretensão, o arguido poderá deixar de cumprir a referida medida de coacção enquanto estiver ausente no estrangeiro”. Ao PÚBLICO, o advogado de Mário Machado, José Manuel Castro, confirmou que o seu cliente vai partir ainda hoje, integrado num grupo de vinte pessoas, entre portugueses e brasileiros, em direcção à Ucrânia.

O advogado tinha enviado àquele tribunal, no início do mês, um pedido de escusa da actual medida de coacção. “A grave crise internacional despoletada pela invasão russa na Ucrânia tem mobilizado o esforço de milhares de pessoas, principalmente no campo humanitário”, argumentou o causídico. Ainda no mesmo pedido, é explicado que o radical de extrema-direita tinha já mobilizado um grupo de pessoas de diversas nacionalidades que se propõe a ir para a Ucrânia prestar ajuda humanitária e, se necessário, combater ao lado das tropas ucranianas.

Catarina Martins diz que MP pode recorrer, mas advogado desvaloriza

No Twitter, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, reagiu à decisão do juiz. “O Ministério Público pode recorrer. Esperamos que o faça. Há um país democrático que anseia por sensatez”, escreve a bloquista.

No entanto, de acordo com declarações do representante de Mário Machado ao Jornal de Notícias, tal medida não vai surtir qualquer efeito. “O Mário Machado não tenciona ficar lá muito tempo, por isso no tempo em que seria interposto um recurso ele já teria regressado”, justificou.

Passado marcado por violência e problemas com a Justiça

Em 2016, Mário Machado, então líder do grupo Hammerskins — uma ala radical e especialmente violenta do movimento skinhead —, foi condenado a dois anos e nove meses de prisão por um crime de extorsão, dos quais cumpriu pouco mais de um ano. Antes, tinha sido condenado a dez anos de cadeia por vários crimes e cumpriu 5/6 dessa pena.

Mário Machado é ainda assistente no julgamento do processo Hells Angels. Em causa está o incidente de 24 de Março de 2018, em que membros dos Hells Angels, sabendo da presença de membros do grupo Alcatraz (grupo-satélite do Los Bandidos) no interior do Restaurante Mesa do Prior, no Prior Velho, decidiram invadir o estabelecimento com intuito violento. Machado terá sido um dos alvos dos Hells Angels.

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