Netflix quer travar partilha de passwords e vai testar cobrar mais a quem divide conta

Os primeiros testes vão ser no Chile, Costa Rica e Peru. Quem partilhar conta com alguém que vive noutra casa terá de pagar mais.

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Um terço dos subscritores de serviços de streaming por subscrição partilha a palavra-passe Reuters/Mike Blake

A Netflix quer acabar com partilha de passwords entre utilizadores que não vivem na mesma casa ou não se conhecem, uma técnica usada por muitas pessoas para não pagar a totalidade da assinatura da plataforma de streaming por subscrição. Esta semana, a empresa anunciou um programa piloto para cobrar um extra utilizadores que não vivem na mesma casa, mas que usam a mesma conta. A nova modalidade de pagamento vai ser testada no Chile, Costa Rica e Peru — o objectivo é perceber se o esquema funciona antes de a empresa “fazer mudanças em qualquer outra parte do mundo”.

“Desde o ano passado que temos estado a trabalhar em formas de permitir que os membros que partilham contas [com pessoas] fora da sua casa o possam fazer de forma fácil e segura, pagando um pouco mais”, explicou a directora de inovação de produtos da Netflix, Chengyi Long​, numa publicação partilhada esta quarta-feira. “Reconhecemos que as pessoas têm muitas opções de entretenimento, por isso queremos assegurar que novas funcionalidades são flexíveis e úteis para os membros, cujas subscrições financiam todas as nossas grandes televisões e filmes”.

Segundo Long, “contas que estão a ser partilhadas entre lares” influenciam negativamente a capacidade da empresa investir em novos conteúdos.

Segundo dados do final de 2021, a Netflix tem cerca 222 milhões de assinantes e é a líder mundial no seu sector (a HBO Max, a Amazon Prime e a Disney + são algumas das concorrentes). No entanto, de acordo com inquéritos feitos pela analista de mercado Magid, um terço dos subscritores de serviços deste tipo partilha a palavra-passe com alguém de fora da sua casa. Por vezes, os grupos formam-se em redes sociais ou fóruns online.

Em 2021, a Netflix também cresceu menos do que no ano anterior: enquanto em 2020, a empresa acumulou 37 milhões de subscritores, em 2021 foram só 18,2 milhões de subscrições, pouco mais de metade do registo do ano anterior.

O novo esquema que a empresa está a testar em alguns países da América Central e da América do Sul passa por cobrar uma taxa extra a subscritores Netflix que partilhem a conta com alguém fora das suas casas. Nas próximas semanas, adicionar um membro “de outro lar” a uma subscrição vai custar 2,99 dólares (2,70 euros) na Costa Rica, 2380 pesos chilenos (2,70 euros) e 7,9 nuevos soles (1,91 euros) no Peru. Estes membros terão direito a credenciais próprias (palavra-passe e nome de utilizador) para usar o serviço da Netflix da mesma forma que alguém que paga os serviços premium do YouTube ou da Microsoft pode incluir até cinco pessoas extra (com credenciais próprias) nos seus planos. No entanto, estes serviços não cobram um extra por cada utilizador.

Não é a primeira vez que a Netflix explora formas de impedir os utilizadores de partilhar contas com pessoas que não conhecem ou que não vivem na mesma casa. Em Março do ano passado, a Netflix começou a testar um sistema que perguntava aos utilizadores se partilhavam a casa com um assinante da conta. “Se não mora com o proprietário desta conta, deve assinar a sua própria conta para continuar a assistir”, alertava a mensagem da Netflix.

Em Portugal, a Netflix cobra 7.99 euros para uma conta individual, 11,99 euros por uma conta standard (dá para ver em dois ecrãs distintos) e 15,99 euros para o plano premium que permite visualizar conteúdos em quatro ecrãs diferentes e é a opção mais usada por pessoas que partilham contas.

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