Padre acusado pelo Ministério Público de ter aliciado sexualmente um menor em Viseu
O padre é acusado de um crime de “coação sexual agravado”, na sequência de ter aliciado um menor de 14 anos em Março do ano passado.
O pároco de São João de Lourosa (suspenso preventivamente de funções) foi acusado pelo Ministério Público (MP) de ter aliciado sexualmente um menor de 14 anos, durante um convívio e reunião de trabalho na freguesia do concelho de Viseu.
Em comunicado, o MP anunciou que deduziu acusação “pela prática de um crime de coação sexual agravado, na forma tentada, e de um crime de aliciamento de menores para fins sexuais”.
Segundo a acusação, em 27 de Março de 2021, “o arguido, quando se encontrava sentado ao lado de um menor”, que na altura tinha 14 anos, “tocou com a sua mão na mão da vítima e, pouco depois, deu-lhe conta do seu propósito de se relacionar sexualmente” com ele.
“De seguida, convidou o menor para se encontrar com ele no WC, local onde, puxando-o para junto de si, aproximou os seus lábios aos dele, procurando repetidamente beijá-lo na boca, o que este evitou”.
O MP referiu ainda que, “pouco depois”, o padre mandou “diversos SMS para o telemóvel do menor, aliciando-o para um encontro a fim de se relacionar sexualmente com ele”.
Durante o processo, o sacerdote terá que se apresentar quinzenalmente às autoridades policiais, estando proibido de “contactar com menores de 18 anos por qualquer meio”.
O inquérito foi dirigido pelo MP do Departamento de Instrução e Acção Penal da Comarca de Viseu.
Em Outubro de 2021, a Diocese de Viseu admitiu que estava em curso uma investigação sobre um sacerdote, na sequência de uma denúncia, e que decorriam os procedimentos legais por parte das autoridades civis e eclesiásticas.
Nessa altura, em comunicado, a diocese referiu que “a vontade salvífica de Deus não exclui ninguém do seu amor” e “o menor e o adulto vulnerável são uma prioridade para a sociedade e para a Igreja”.
“A Diocese de Viseu constituiu a comissão de protecção de menores e adultos vulneráveis no mês de Fevereiro de 2020. A referida comissão está a trabalhar nos casos apresentados à mesma”, acrescentou.
Atendendo às notícias então divulgadas, esclareceu que, “tendo em conta a privacidade, confidencialidade e autodeterminação que são devidas às vítimas, a diocese respeitará sempre as normas civis e eclesiásticas”.
Padre suspenso preventivamente
Os factos que envolvem o padre e o menor terão acontecido em Março do ano passado. Em causa estão mensagens de cariz sexual que o sacerdote terá enviado a um rapaz, na altura com 13 anos, durante um almoço numa quinta privada. O menor e o pai estavam presentes e no dia seguinte foi apresentada a queixa depois do adolescente ter contado que ficou incomodado com a mensagem e com as aproximações físicas que o padre terá intentado na casa de banho.
A Comissão de Protecção de Menores e Adultos Vulneráveis dependente da Igreja Católica iniciou uma investigação e foi aberto um processo canónico de averiguações, confirmou fonte da diocese, adiantando que o processo segue os procedimentos normais e que fazem parte das directrizes para o tratamento de eventuais casos de abuso sexual de menores ocorridos na Igreja Católica.
O próprio padre anunciou aos paroquianos, a 15 de Agosto de 2021, que estava de saída mas para tirar uma férias por estar cansado e doente. A Igreja afastou-o entretanto de outros cargos que tinha, nomeadamente enquanto capelão de uma unidade de saúde. O padre era também capelão e docente na Universidade Católica de Viseu, funções que já não exerce. Segundo a direcção da instituição, a sua saída foi uma coincidência, uma vez que já tinha sido decidido no ano lectivo anterior que o sacerdote deixaria de dar a disciplina de Mundividência Cristã no arranque do novo ano escolar.