Sonae compra 100% do trigo no mercado nacional e afasta escassez de bens alimentares

Grupo não espera que falte qualquer produto nos seus supermercados. E mesmo no óleo de girassol há muito produto em stock.

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Cláudia Azevedo apresentou-se na conferência de Imprensa vestida com as cores da Ucrânia

Numa altura de forte subida de preços e de receio de escassez de oferta, na sequência da guerra na Ucrânia, a Sonae está mais protegida, uma vez que 100% do trigo que processa é de origem nacional, revelou esta quinta-feira a empresa (dona do PÚBLICO).

A mensagem de Cláudia Azevedo, presidente da comissão executiva (CEO), é de algum optimismo em relação ao abastecimento de produtos alimentares, considerando que não se assistirá a uma ruptura de produtos nos seus supermercados. “Se não comprarmos num lado, compraremos no outro”, garantiu a CEO do grupo de distribuição, lembrando que na altura do Natal foi preciso ir de barco buscar bacalhau, mas a sua oferta foi assegurada.

“Já a subida de preços é incontrolável”, também pelo “peso de 50% dos impostos na energia”, adiantou a gestora na apresentação de contas do grupo, considerando que o Governo ou a União Europeia terão de fazer alguma coisa nesta matéria, nomeadamente ao nível das energias renováveis.

A produção de trigo é assegurada pelo Grupo de Produtores da Sonae e é um projecto que permitiu reintroduzir um produto que praticamente tinha desaparecido, ao mesmo tempo que ajudou na recuperação de várias espécies de aves, em vias de desaparecer. “Foi um projecto que levou vários anos a implementar”, garantiu, quando questionada sobre a possibilidade do grupo incentivar a produção de outros cereais, como o milho, de forma a diminuir a dependência de cerca de 90% de importações do país.

Relativamente à eventualidade de falta de produtos essenciais, a gestora lembra que, tal como aconteceu com as vacinas para a covid-19, a União Europeia pode fazer compras conjuntas, noutros mercados.

No caso da limitação de venda de óleo de girassol - até agora, do que é conhecido, o único produto que várias cadeias de distribuição restringiram o número de unidades vendidas -, Cláudia Azevedo recusa-se a usar a palavra “racionamento”, referindo que se trata mais “de moldar procura”, uma vez que, mesmo no caso do óleo de girassol, há quantidades do produto nos armazéns, afirma. “O que não é racional é que as pessoas comprem 50 garrafas de girassol a cada ida ao supermercado e depois não haver para quem quer comprar uma ou duas”, referiu.

Apresentando-se na conferência de imprensa vestida de azul e amarelo, as cores da bandeira Ucrânia, Cláudia Azevedo deu conta que não tem negócios no país invadido pelo Rússia. E com este último, o que tinha, que se resumia a vendas de roupa da marca Zippy, foi, entretanto, interrompido. “Deixámos simplesmente de enviar roupa para a Rússia”, disse.

Para além das palavras deixadas no comunicado de apresentação das contas anuais, referindo-se a “uma guerra imposta a um país soberano sem qualquer motivo legítimo”, a Sonae criou uma plataforma de apoio aos refugiados.

O apoio estendem-se a várias áreas, desde a recolha de donativos em dinheiro, através das caixas dos supermercados, a entregar à Cruz Vermelha, até à criação de kits de roupas e alimentos para os refugiados ucranianos que chegam, até apoios à reintegração no ensino, no caso das crianças, entre outros.

A Sonae registou no último ano um volume de negócios acima de sete mil milhões de euros, o valor mais alto da sua história e mais 5,3% face a 2020. O resultado líquido (atribuível a accionistas) ascendeu a 268 milhões de euros, o valor mais elevado dos últimos oito anos.

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