EDP sobe preços da electricidade em 3% a partir de Maio
A guerra fez agravar os preços nos mercados para um nível três vezes superior ao do fim do ano passado, justifica a EDP Comercial, que tem quatro milhões de clientes.
A EDP Comercial vai actualizar os tarifários de electricidade para os clientes domésticos com “uma variação média de 3%” a partir de Maio.
A empresa justifica o aumento de preços com o “contexto internacional”, que agravou a instabilidade dos mercados energéticos e “provocou uma subida no preço de aquisição de electricidade, que é actualmente cerca de três vezes superior ao que foi registado no último trimestre do ano passado”.
A EDP já tinha procedido a uma actualização de preços no começo deste ano, depois de em 2021 ter decidido “manter os preços inalterados, apesar de o valor da energia ter atingido recordes nos mercados”.
Perante o contexto actual, a “EDP Comercial fará uma actualização da tarifa de electricidade para os seus actuais clientes residenciais, em linha com o recente anúncio de ajuste da tarifa do mercado regulado”, também na ordem dos 3%, explicou a empresa ao PÚBLICO.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) anunciou esta semana a subida automática da componente energética das tarifas de gás natural e electricidade, de modo a reflectir o maior custo com a aquisição da energia necessária para abastecer todos os clientes no mercado regulado (cerca de 232 mil no gás natural e 930 mil na electricidade, de acordo com os dados de Novembro e Dezembro, respectivamente).
A guerra na Ucrânia veio agravar uma crise de preços energéticos que já vinha desde o Verão passado, obrigando a Comissão Europeia e os Estados-membros a delinearem medidas para tentar reduzir o impacto das subidas nas facturas dos cidadãos e empresas.
Portugal e Espanha estão a discutir uma proposta para apresentar a Bruxelas que passa pela introdução temporária de um tecto máximo aos preços no mercado ibérico (de 180 euros por MWh), mas, enquanto se aguarda para saber se vai em frente e se poderá ser aprovada, várias comercializadoras estão a optar por reflectir o agravamento de preços nos seus clientes.
Olhando apenas para a electricidade, os clientes do segmento residencial são mais de 98% do mercado livre. Se boa parte destes está na carteira da EDP Comercial e vai ser afectada por esta actualização de preços, o mesmo se pode dizer dos clientes de outros prestadores com quotas menores.
Tal como a EDP, a Endesa, que tem a segunda posição em quota de mercado no mercado eléctrico (8,2% dos clientes, de acordo com os dados da ERSE) irá subir “os preços de venda na mesma proporção em que a tarifa regulada aumentou, em 3%”.
“Fá-lo-emos a partir de 1 de Abril”, disse a empresa, adiantando que os clientes que “contratem a partir dessa data, terão os seus preços mantidos durante 1 ano e terão a garantia de que não serão aumentados com os próximos aumentos tarifários regulamentados, que provavelmente terão lugar em Junho”.
Na linha de negócio empresarial, a Endesa negoceia “individualmente com cada cliente” e não há por isso “uma especificação que se aplique igualmente a todos”. Ainda assim, a empresa nota que o aumento dos mercados está “a ter um impacto nos preços dos novos contratos”.
Outra empresa do mercado liberalizado, a Goldenergy (com uma quota de 3,8% na electricidade e de 12,1% do gás), adiantou ao PÚBLICO que “não está, para já, a rever os preços para os seus actuais clientes”.
Apesar disso, a empresa reconhece que “os preços nos mercados grossistas estão realmente muito elevados” e a que “a situação está muito complicada em termos do mercado”.
Assim, “se continuar a actual conjuntura por muito mais tempo, a Goldenergy poderá ter de rever a sua política de preços”.
Também a Galp (que tem 5,5% dos clientes de electricidade e 23,4% dos clientes de gás natural, embora represente 55% em consumo abastecido de gás) já confirmou que irá subir preços.
A empresa revelou aos clientes, segundo a agência Lusa, que irá subir os preços a partir de Abril. Nos principais escalões de gás natural, “os aumentos mensais variam entre os 1,6 e os 3 euros, e para as principais potências contratadas no caso da electricidade, entre um e dois euros”.
Na electricidade, trata-se, segundo a Lusa, de aumentos entre 1,8% no período de vazio (menor consumo) e 3,9% fora do vazio. No gás, o aumento é de 15%.
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