Ensaio com míssil balístico terá fracassado na Coreia do Norte

Fontes do Exército sul-coreano dizem que o “projéctil não-identificado”, que se suspeita ser um míssil balístico intercontinental, explodiu depois de ter sido lançado a partir do principal aeroporto do país. Pode ter posto em risco segurança de civis.

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Notícias sobre os ensaio balísticos norte-coreanos são uma constante nsa televisões sul-coreanas YONHAP NEWS AGENCY/Reuters

A Coreia do Norte testou esta quarta-feira o lançamento de um “projéctil não-identificado” nos arredores de Pyongyang, mas o dispositivo terá explodido em pleno voo, pondo em risco a segurança de civis, dizem fontes do Exército sul-coreano à agência Yonhap e testemunhas oculares ao site NK News.

Por ter sido realizado no aeroporto internacional de Sunan, o mesmo local onde foram efectuados dois lançamentos anteriores com esse tipo de armamento, as autoridades militares da Coreia do Sul e do Japão suspeitam que o ensaio tenha envolvido o Hwasong-17, o sistema de míssil balístico intercontinental (ICBM) norte-coreano.

Enquanto se recolhem mais informações sobre o teste, a reacção oficial do Exército sul-coreano é a mais cautelosa e sucinta possível.

“A Coreia do Norte disparou um projéctil não-identificado a partir da área de Sunan por volta das 9h30 de hoje, mas presume-se que falhou imediatamente depois do lançamento”, informou, em comunicado, citado pela Yonhap.

Um representante do Estado-maior sul-coreano que falou à agência noticiosa sob condição de anonimato revelou, no entanto, que o dispositivo parece ter explodido a uma altitude inferior a 20 quilómetros do solo.

“Neste momento, a nossa avaliação é a de que o lançamento do projéctil parece ter sido desastrado, tendo fracassado em atingir uma determinada altitude na fase inicial de impulso”, disse a fonte.

O NK News, sediado em Seul, na Coreia do Sul, falou com testemunhas oculares, que dizem ter ouvido um “som barulhento de explosão” à hora do ensaio balístico e visto fumo avermelhado no céu. O site teve ainda acesso a uma imagem tirada pouco depois do lançamento do projéctil que diz confirmar a tese do insucesso da missão.

“A imagem vista pelo NK News mostra uma bola de fumo de tom avermelhado no final de um rasto ziguezagueante de um rocket, no céu, por cima de Pyongyang. Rastos mais pequenos estendem-se para baixo, na direcção do solo”, descreve o NK News.

Os destroços do míssil terão caído nos arredores de Pyongyang ou mesmo dentro dos limites cidade. Não há, por enquanto, notícias sobre potenciais feridos ou vítimas mortais.

“As notícias sobre o fracasso em Sunan são preocupantes por causa da possibilidade de se atingirem áreas civis densamente povoadas”, alerta Ankit Panda, investigador do think tank norte-americano Carnegie Endowment for International Peace, citado pela Reuters.

“Nenhum programa ocidental de mísseis poria em perigo a segurança disparando [projécteis] por cima de áreas povoadas (…), mas uma ditadura pode pôr em risco a sua própria população por questões de segurança nacional”, sublinha Uzi Rubin, do Jerusalem Institute for Security and Strategy, citado pelo NK News.

Apesar de inusitada, por se tratar do principal aeroporto internacional da Coreia do Norte e por este estar localizado numa zona próxima de áreas residenciais, a realização de testes balísticos nas instalações de Sunan não é incomum.

É precisamente por este local ter envolvido ensaios recentes com o Hwasong-17 – nos dias 27 de Fevereiro e 5 de Março – que Exército sul-coreano suspeita que, também desta vez, possam ter sido realizados testes com o sistema ICBM. A Coreia do Norte assegura, porém, que os ensaios em causa destinaram-se ao desenvolvimento de um novo sistema de satélite.

Nos desfiles militares de 2020 e de 2021, as Forças Armadas norte-coreanas exibiram esse enorme míssil intercontinental, alegadamente capaz de transportar ogivas nucleares e com um alcance estimado de 13 mil quilómetros.

A última vez que o regime de Kim Jong-un realizou o lançamento de um míssil ICBM, em toda a sua plenitude, foi em 2017. Desde essa altura que tem realizado sucessivos testes com mísseis de curto e médio alcance e, só neste ano, já contando com o desta quarta-feira, já vai no 10.º teste, incluindo um que envolveu um suposto míssil hipersónico.

Este é, ainda, o primeiro ensaio que a Coreia do Norte realiza desde a eleição de Yoon Seok-yeol, para o lugar de Moon Jae-in, como Presidente da vizinha Coreia do Sul. Ao passo que Moon procurou desanuviar a tensão entre os dois países, Yoon defende uma abordagem mais dura, e menos cooperante, com Pyongyang.

Para além de Seul, Japão e Estados Unidos também condenaram este último teste balístico da Coreia do Norte. Os países continuam à espera que de um sinal de Kim para voltarem a discutir o desmantelamento do programa nuclear norte-coreano.

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