TAP suspende corte extra de 10% no trabalho e salário dos tripulantes de cabine

Medida é justificada pela procura e deve durar até ao final do ano, mas pode “cessar em data anterior” ou até mesmo “ser prorrogada”. Redução tinha sido negociada há cerca de um ano para proteger postos de trabalho.

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Acordos de emergência foram assinados no início de 2021 Rui Gaudencio

A TAP decidiu suspender, até ao final do ano, o corte de 10% do período normal de trabalho, e salário correspondente, dos tripulantes de cabine que faz parte do acordo de emergência assinado no início do ano passado. A medida, que começou nos 15% em 2021, serviu então para proteger cerca de 500 postos de trabalho, e acresce aos 25% aplicados de forma transversal à companhia aérea no âmbito do plano de reestruturação.

Através de um comunicado enviado aos tripulantes, a companhia liderada por Christine Ourmières-Widener explica que a medida entra em vigor a 1 de Abril, e que a decisão tem como referência as previsões para o período de Verão do sector, às quais levaram a “apresentar medidas que viabilizam um aumento da capacidade da operação” a fim de preparar a empresa “para um desejável contexto de recuperação da actividade”.

Mesmo assim, numa conjuntura com muita indefinição, a TAP não deixa de assinalar que a suspensão pode “cessar em data anterior” ou até mesmo “ser prorrogada, em função da evolução da actividade à luz do plano de reestruturação”. No comunicado, a companhia cita temas que criam um clima de incerteza como “a confiança dos passageiros, restrições de viagem e de entrada em múltiplas jurisdições e eventuais novas variantes do vírus que causa a covid-19, bem como, mais recentemente, o conflito armado na Ucrânia cujas consequências na actividade da empresa são imprevisíveis”.

A TAP adianta que, depois de em 2020, após o início da pandemia de covid-19, não ter renovado o contrato a termo de cerca de 1000 tripulantes de cabine, vai também reintegrar alguns desses trabalhadores. Acresce ainda, diz, essa medida “poderá vir a conduzir também a um reequilíbrio de quadros nas várias frotas/função, novamente com o objectivo de preparar para um desejável contexto de recuperação da actividade da TAP”.

Sindicato quer “fim definitivo” da medida

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) já reagiu à decisão da TAP, afirmando, num comunicado enviado aos seus associados, que vê a medida com “enorme satisfação”. A alteração, diz, “vai permitir um significativo aumento do rendimento dos tripulantes para além de garantir o pagamento das horas extra acima dos plafonds mensais, como está previsto no AE [acordo de empresa] e que o SNPVAC também sempre defendeu (mesmo durante a vigência do Acordo Temporário de Emergência)”.

“Não só conseguiu a direcção do SNPVAC priorizar a reintegração de vários colegas que regressaram no âmbito da caducidade dos contratos - e que verdade seja dita, legalmente não implicava o fim do corte dos 10% -, como também conseguiu a suspensão desta injustificável redução, que apenas se traduzia nos nossos vencimentos”, diz a estrutura presidida por Ricardo Penarroias.

“Estamos neste momento a trabalhar, não para a suspensão desta medida mas sim para o seu fim definitivo também em 2023”, adianta este sindicato.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil também já afirmou que pretende negociar uma descida do corte salarial em vigor, que está nos 45% este ano (também na sequência da protecção de postos de trabalho, e que irá descer para 40% em 2023 e 35% em 2024), tendo como referência os 25% aplicados em termos gerais.

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