Depois dos máximos, petróleo volta a negociar abaixo dos 100 dólares por barril
Depois de ter tocado nos 139 dólares, o barril de Brent volta agora a aproximar-se dos níveis que se registavam antes da guerra. Também os preços do gás natural e da electricidade estão em queda.
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Em pouco mais de uma semana, os preços do petróleo oscilaram entre atingir os valores mais elevados em 14 anos e praticamente anular as subidas verificadas desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia. É, sobretudo, o efeito da volatilidade criada pelo medo em torno da guerra, mas desde esta terça-feira que há, também, um novo factor a trazer optimismo aos mercados: as garantias de que o acordo nuclear com o Irão poderá avançar, um evento que permitirá a entrada de mais petróleo no mercado e que, consequentemente, contribuirá para baixar os preços.
Foi a 7 de Março que o barril de Brent, petróleo que serve de referência para o mercado europeu, tocou nos 139 dólares, o valor mais elevado desde 2008 e uma subida de quase 50% face aos preços que se registavam imediatamente antes do início da guerra na Ucrânia, que eclodiu a 24 de Fevereiro, com a invasão levada a cabo pela Rússia. Este foi, até agora, o pico da escalada dos preços que se fez sentir desde o início da guerra na Ucrânia, mas, desde então, a tendência tem sido de alívio.
Nesta quarta-feira, o barril de Brent já negoceia abaixo da fasquia dos 100 dólares, fixando-se na casa dos 98 dólares e aproximando-se, cada vez mais, dos 94 dólares que se verificavam antes da guerra. O mesmo acontece com o West Texas Intermediate (WTI), petróleo negociado em Nova Iorque, que já está a cotar em torno dos 95 dólares por barril, depois de ter ultrapassado os 120 dólares na semana passada. Antes da invasão russa à Ucrânia, o petróleo negociado em Nova Iorque cotava na casa dos 92 dólares.
A matéria-prima está, assim, perto de anular a escalada de preços que sofreu desde o final de Fevereiro, motivada pela importância que a Rússia, terceira maior produtora de petróleo do mundo, assume neste mercado. A explicar estas oscilações está, sobretudo, o cenário de guerra, factor que, normalmente, promove forte volatilidade nos mercados, ao gerar o pânico e especulação entre os investidores. Por esta altura, a maioria dos analistas acredita que poderá continuar a assistir-se a uma correcção dos preços, mas não se espera estabilidade. “A característica dominante neste mercado é a volatilidade. O que estamos a ver não são os princípios fundamentais do mercado, é a geopolítica, a histeria e o medo. É provável que o mercado recupere, mas talvez de forma não tão agressiva”, comenta John Driscoll, da JTD Energy Services, citado pela Bloomberg.
Agora, contudo, há outro factor que deverá levar a um alívio mais notório nos preços do petróleo. Nesta terça-feira, o Departamento de Estado norte-americano confirmou que os Estados Unidos não tencionam punir, como parte das sanções que têm aplicado, a participação russa em projectos nucleares no Irão, que estão previstos no novo acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano. A Rússia tem, assim, as garantias que pretendia para concluir a negociação deste acordo. E este poderá ser um passo fundamental para a estabilização do mercado petrolífero, tendo em conta que, como parte do acordo, está previsto o levantamento das sanções ao Irão no que diz respeito à produção de petróleo. Significa isto que os iranianos poderão colocar mais desta matéria-prima no mercado, aliviando o desequilíbrio entre a oferta e a procura.
Gás e electricidade recuam
A acompanhar o alívio no mercado petrolífero, também os preços da electricidade e do gás natural estão a registar uma correcção.
Segundo os dados do Operador do Mercado Ibérico da Electricidade (OMIE), o preço da electricidade neste mercado deverá cair, nesta quinta-feira, mais de 17% face a quarta-feira, atingindo os 217,13 euros por megawatt-hora.
O mesmo acontece no gás natural, segundo combustível mais utilizado na União Europeia e que tem na Rússia o maior exportador. Os contratos futuros de gás natural para entrega em Abril, negociados no mercado holandês e que servem de referência para a Europa, desvalorizaram 9,5% na sessão desta quarta-feira, fixando-se em 104,37 euros por megawatt-hora.
Nos primeiros dias após o início da guerra, os preços deste combustível chegaram a alcançar os 195 euros por megawatt-hora.