Comunidade Israelita de Lisboa coloca processo de naturalização de dono da Altice à disposição da PJ
Foi a Comunidade Israelita do Porto cuja actuação está a ser investigada a propósito do processo que levou à concessão da nacionalidade portuguesa ao multimilionário russo Roman Abramovich que revelou o processo de naturalização do presidente da Altice também estaria em investigação
A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) colocou esta segunda-feira à disposição das autoridades o processo de naturalização de Patrick Drahi, presidente da Altice, citado pela Comunidade Judaica do Porto (CJP) como um dos casos na origem de buscas realizadas na sexta-feira.
Depois de manifestar no sábado o seu desconhecimento sobre a existência de um inquérito relativamente à concessão da nacionalidade portuguesa ao empresário Patrick Drahi, ao abrigo do regime de naturalização para descendentes de judeus sefarditas, a CIL enviou uma carta à direcção da Polícia Judiciária (PJ) na qual reiterou a sua disponibilidade para clarificar o processo e a certeza de ter cumprido a lei em vigor.
Segundo a CIL, o processo de certificação de descendência de judeu sefardita de Patrick Drahi foi emitido em Novembro de 2015, na sequência da verificação de diversos documentos e da árvore genealógica do empresário, e está arquivado nas suas instalações e disponível às autoridades.
Na sexta-feira, a Comunidade Israelita do Porto/Comunidade Judaica do Porto (CIP/CJP), cuja actuação já estava a ser investigada a propósito do processo que levou à concessão da nacionalidade portuguesa ao multimilionário russo Roman Abramovich, revelou que haveria um outro processo de naturalização em investigação: o do empresário Patrick Drahi.
Recorde-se que os números do Ministério da Justiça mostram que dos mais de 86 mil pedidos de nacionalidade ao abrigo desta legislação que deram entrada entre 2015 e 2020, 89% foram instruídos com um certificado da Comunidade Israelita do Porto e apenas 11% com um certificado da Comunidade Israelita de Lisboa
Segundo a direcção da CIP/CJP, um dos seus membros foi também indiciado dos crimes de tráfico de influência, fraude fiscal, branqueamento e falsificação de documentos.
Em causa estarão alegadas irregularidades cometidas em processos de atribuição da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas, que se encontram em investigação. Judeus sefarditas são judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século XVI.
Em paralelo, o Instituto dos Registos e Notariado (IRN) anunciou igualmente no final de Janeiro a abertura de um inquérito sobre esta matéria.