Mulher grávida e bebé morrem após ataque à maternidade de Mariupol

A mulher, já no final da gravidez, ficou gravemente ferida na sequência do ataque das tropas russas à maternidade de Mariupol. Apesar dos esforços dos profissionais de saúde, mãe e filho não sobreviveram.


Uma das fotografias que correram a Internet após o ataque russo a uma maternidade em Mariupol, a 9 de Março, mostra uma mulher no final da sua gravidez, ferida, a ser transportada numa maca entre os escombros do edifício. Foi, então, transferida de urgência para outro serviço pediátrico, com uma hemorragia intra-abdominal. Ao chegar, novo diagnóstico: luxação da anca e esmagamento da pélvis. Timur Marin, cirurgião responsável, explicou que os médicos realizaram uma cesariana, mas o bebé já não mostrava sinais vitais. Ao aperceber-se de que o feto nascia morto, a mãe gritou: “Matem-me já!”, relatou Marin à Associated Press (AP).

Os esforços para salvar a mãe também não foram suficientes. “Mais de 30 minutos de manobras de reanimação não geraram resultados”, contou o cirurgião no passado sábado. O nome da mulher só foi descoberto mais tarde, quando o marido e pai do bebé foi ao hospital identificar e reclamar os corpos.

A comunicação com quem está em Mariupol é cada vez mais difícil. Com as linhas telefónicas, rede móvel e acesso à Internet cortados, a Associated Press é uma das poucas agências de notícias ainda capazes de informar sobre o que acontece na cidade do Leste ucraniano.

O ataque russo a esta maternidade em Mariupol provocou, pelo menos, 17 feridos e três mortos, numa cidade cercada, sem água, comida ou electricidade. Os hospitais e profissionais de saúde têm sido um alvo particular. Desde que começou a ofensiva militar russa, estão confirmados 18 ataques a instalações médicas, disse a Organização Mundial de Saúde.

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Maternidade de Mariupol destruída, na sequência do ataque russo à Ucrânia Reuters

“Estávamos deitadas quando as janelas e paredes rebentaram”

A Rússia nega o ataque à maternidade de Mariupol e afirma que as imagens divulgadas são fake news — embora existam vídeos, fotografias e testemunhas e até o relato de uma influencer ucraniana, que foi depois acusada de ser uma actriz paga.

Marianna Vishegirskaia ficou ferida, mas sobreviveu ao bombardeamento. No dia seguinte, deu à luz uma menina, Veronika. “Estávamos deitadas nas enfermarias do hospital quando vidros, caixilhos, janelas e paredes rebentaram”, disse à AP, ainda a usar o mesmo pijama que vestia no dia do ataque.

Ainda assim, a Rússia insistiu: as fotografias estariam manipuladas, Marianna seria uma actriz contratada para a encenação do ataque à maternidade. O representante russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, levou a sua versão da história ao Conselho de Segurança da ONU: os radicais ucranianos teriam tomado o hospital pediátrico, expulsando civis e recusando-se a colaborar.

Sergii Kislitsia, embaixador ucraniano na ONU, apresentou as primeiras fotos da bebé e respondeu de forma simples: “A Marianna deu à luz uma menina saudável, o seu nome é Veronika, e aqui está com o pai.”

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