Transportadoras preparam protestos contra aumento do preço dos combustíveis. PSP está atenta

A PSP acompanha “há vários dias” publicações nas redes sociais sobre “protestos relacionados com o aumento dos preços dos combustíveis”. Associação que representa empresas de transportes de mercadorias admite que possa haver manifestações.

Foto
Antram reúne este sábado os seus associados para discutir soluções que, depois, serão propostas ao Executivo Tiago Lopes

O aumento dos preços dos combustíveis não dá sinais de abrandamento e, apesar das medidas de mitigação já anunciadas pelo Governo, o descontentamento face a este cenário está a aumentar. E já há protestos a serem marcados, um movimento a que a Polícia de Segurança Pública (PSP) admite estar atenta. A Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias (Antram), maior representante do sector em Portugal, reconhece que o país poderá assistir a uma onda de protestos dos camionistas.

Os primeiros sinais surgem nas redes sociais. É o caso de um evento convocado pelo grupo Motoristas do Asfalto, no Facebook, para um bloqueio da Ponte 25 de Abril, no próximo dia 21 de Março. Mais de 100 pessoas afirmam que irão participar neste protesto e outras 374 declaram ter interesse no mesmo.

Contactada pelo PÚBLICO, a PSP não comenta este caso em concreto, mas confirma a existência destes movimentos. “A propósito dos apelos nas redes sociais sobre protestos relacionados com o aumento dos preços de combustíveis, a PSP está a acompanhar a evolução da situação desde há vários dias”, começa por dizer Nuno Carocha, porta-voz da PSP.

E acrescenta: “Apelamos a que o exercício dos direitos de cidadania, nomeadamente de manifestação, seja exercido em cumprimento das normas, nomeadamente de segurança rodoviária e sem prejudicar desnecessariamente ou colocar em risco os demais cidadãos.”

Do lado institucional, também parece evidente que o descontentamento está a aumentar. Em entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF, publicada esta sábado, o porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, garantiu que esta associação “nunca incentivará ou fará parte de um protesto que passe por paragens que possam causar disrupção de bens de primeira necessidade”. Mas admitiu: “Não escondemos a insatisfação crescente a que assistimos junto dos associados (...). Admirar-nos-ia muito pouco que algumas empresas, de forma voluntária e por sua iniciativa, tomassem o caminho de medidas de protesto – que redundariam sempre na interrupção de bens”.

Combustíveis próximos dos 2 euros por litro

Estes eventos são marcados numa altura em que os preços dos combustíveis em Portugal aumentam há várias semanas consecutivas. No caso da gasolina, em particular, desde meados de Dezembro que, todas as semanas, se assiste a um aumento.

Por esta altura, de acordo com os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) relativos ao dia 11 de Março, o preço médio da gasolina é de 1,939 euros por litro, enquanto o do gasóleo está nos 1,837 euros por litro. Em ambos os casos, são os valores mais elevados de que há registo e acontecem depois, na segunda-feira, ter havido uma subida histórica no preço destes combustíveis, de 13,7 cêntimos no gasóleo e de 8,5 cêntimos na gasolina.

E o movimento deverá continuar. De acordo com os cálculos feitos pelo Jornal de Negócios, a gasolina simples 95 poderá aumentar cerca de 7 cêntimos por litro a partir de segunda-feira (atingindo, nesse caso, os 1,987 euros por litro), enquanto o gasóleo poderá encarecer em 12 cêntimos (o que levaria o preço deste combustível para 1,932 euros por litro).

Isto apesar de, entretanto, os preços do petróleo estarem a aliviar as subidas nos mercados internacionais. O barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, segue agora a negociar na casa dos 112 dólares, depois de, na semana passada, ter atingido os 139 dólares por barril, o valor mais elevado desde meados de 2008.

Antram discute soluções

Perante este cenário, o Governo já avançou com várias medidas para mitigar o impacto do aumento dos preços, mas as empresas pedem mais. É o caso da Antram, que, este sábado, reúne os seus associados para discutir soluções que, depois, serão propostas ao Executivo.

Em cima da mesa, como adiantou já André Matias de Almeida na entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF, deverão estar medidas como a possibilidade de deduzir ao IRC o investimento em frota sustentável, a criação de uma linha de apoio à tesouraria para as empresas de transporte de mercadorias ou a redução do IVA aplicado aos combustíveis.

A reunião que decorre este sábado conta com mais de 200 empresas associadas da Antram.

Sugerir correcção
Ler 11 comentários