Em Portugal, 60% da electricidade produzida provém de energias renováveis?

De acordo com dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), a produção de energia limpa já ronda a percentagem referida pelo ministro do Ambiente.

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Em 2021 a produção de energia renovável abasteceu cerca de 59% do consumo de electricidade em Portugal FELIPE TRUEBA

A frase

“O modelo marginalista foi pensado num momento em que em Portugal havia 20% de renováveis. Hoje há 60%.”

João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Acção Climática em entrevista ao Expresso

O contexto

Numa entrevista publicada no Expresso nesta sexta-feira, o ministro do Ambiente foi questionado sobre se o Governo vai ter algum tipo de intervenção nos preços grossistas da electricidade para evitar a escalada. “De forma isolada não o vai fazer”, respondeu Matos Fernandes. O ainda governante admitiu, no entanto, a possibilidade de reavaliar o chamado “modelo marginalista” do mercado, segundo o qual são as tecnologias com mais alto custo marginal a influenciar e ditar o preço da electricidade a cada hora. De seguida, o ministro acrescentou: “Deve o modelo marginalista ser avaliado? Sim, deve. O modelo marginalista foi pensado num momento em que em Portugal havia 20% de renováveis. Hoje há 60%. Quando há uma variação destas faz todo o sentido reavaliá-lo, não tenho nenhum preconceito sobre essa matéria, mas também não sei o que vai resultar dessa avaliação.”

Os factos

Segundo os dados da REN, a concessionária das redes de transporte eléctrico e gestora do sistema eléctrico nacional, em 2021 a produção de energia renovável abasteceu cerca de 59% do consumo de electricidade em Portugal, enquanto a produção não renovável (essencialmente gás natural) abasteceu 31%, sendo o restante assegurado através de importações. Os números provisórios da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) indicam que dos 48.785 gigawatts hora (GWh) produzidos em Portugal no ano passado, cerca de 58% corresponderam a produção renovável (28.326 GWh, dos quais maioritariamente hídrica e eólica) e os restantes 42% (20.460 GWh) vieram de geração térmica. No final do ano passado estavam instalados em Portugal cerca de 15.460 megawatts (MW) de potência renovável. “Cerca de 83% desta capacidade instalada encontra-se nas tecnologias hídrica e eólica”, acrescenta a DGEG. Portugal inscreveu no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) a meta de atingir 47% de energias renováveis no consumo final de energia, incluindo 80% de electricidade limpa. Segundo o programa do PS nas últimas eleições legislativas, uma das prioridades do futuro Governo de maioria socialista será “aumentar, até 2026, para 80% o peso das energias renováveis na produção de electricidade, antecipando em quatro anos a meta estabelecida”.

Em resumo

O ministro tem razão, quando faz referência a uma percentagem de 60% de electricidade renovável. A afirmação é verdadeira. O recurso às energias renováveis, como a eólica e a solar, permite ao país explorar as suas fontes de energia endógenas para produção de electricidade, mas a utilização do gás natural como energia de segurança continua a estar prevista para mais de uma década.

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