Gérard Depardieu não conseguiu evitar acusação de violação e agressão sexual

O actor francês foi indiciado a 16 de Dezembro de 2020 por actos alegadamente cometidos no Verão de 2018 e tinha pedido a nulidade da acusação, mas o tribunal inviabilizou as suas pretensões.

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Gérard Depardieu ERIC GAILLARD/Reuters

O actor franco-russo Gérard Depardieu pedia a anulação da acusação de violação e de agressão sexual que lhe foi feita pela actriz francesa Charlotte Arnould, mas um tribunal francês confirmou esta quinta-feira que existem “indícios sérios” que justifiquem que a acusação se mantenha, noticiou a imprensa francesa.

Depardieu havia sido indiciado por violação e agressão sexual a 16 de Dezembro de 2020, por actos alegadamente cometidos no Verão de 2018, e na altura negou as acusações de que é alvo -
"sou inocente e não tenho nada a temer”, disse em Fevereiro de 2021 ao diário italiano La Republicca. Agora, “o tribunal de instrução considera que existem, nesta fase, indícios sérios ou concordantes que justificam que Gérard Depardieu permaneça indiciado”, como fez saber o procurador-geral de Paris, Rémy Heitz, em comunicado citado pela imprensa francesa.

A agência de notícias AFP pediu reacções aos advogados de ambas as partes e se a representação de Depardieu escolheu não comentar, a advogada da actriz Charlotte Arnould, Carine Durrieu-Diebolt, congratulou-se pelo passo dado em frente para prosseguir a acusação. E acrescentou: “É importante notar que actualmente todos os magistrados encarregados do processo - o juiz de instrução, o procurador-geral que solicitou a confirmação da acusação, mas também o juiz da câmara de instrução, consideram que existem indícios sérios ou concordantes que sugerem que Gérard Depardieu realmente cometeu os actos de agressão sexual e violação de que é acusado”.

Em Agosto de 2018, vieram a público as primeiras informações de que uma actriz de 22 anos acusava Depardieu de dois tipos de agressão sexual, que terão acontecido a 7 e 13 de Agosto. No final desse mês, a actriz terá formalizado a queixa numa esquadra de polícia em Aix-en-Provence, reportando duas violações e agressões sexuais. A sua família conhecia o actor. O caso transitou depois para a comarca de Paris. Uma acareação entre acusado e acusadora terá mesmo tido lugar em 2019, segundo disseram fontes próximas do processo à AFP.​ O processo parou por aí, mas foi retomado pela alegada vítima no Verão de 2020.

no final do ano passado foi conhecida a identidade da acusadora. “Fui violada por Gérard Depardieu em Agosto de 2018”, escreveu a actriz na sua conta na rede social Twitter. “Sou vítima de Depardieu… Já passou um ano desde que foi indiciado… Já não consigo ficar calada”, escreveu. “Continuar calada é como estar enterrada viva”, adiantou ainda, considerando que ao revelar a sua identidade poderia tentar “recuperar a integridade”.

Gérard Depardieu tem 73 anos e é uma das maiores e mais polémicas estrelas do cinema francês. “Ele continua a trabalhar enquanto eu passo os meus dias a tentar sobreviver”, comentou em Dezembro a actriz queixosa. Conhecido pela personalidade forte e pelas tomadas de posição públicas pouco consensuais, como ter pedido nacionalidade russa para escapar aos impostos em França e ter-se aproximado de Vladimir Putin, mas também por ter sido acusado de agressão após um acidente de trânsito, desde que começou a ser investigado não foi alvo de qualquer medida de controlo judiciário. As acusações sobre Depardieu chegaram quase um ano depois do início do movimento de denúncia de violência sexual #MeToo e da sua versão francesa em formato hashtag #BalanceTonPorc, mas também da reacção anti-MeToo francesa encabeçada por actrizes como Catherine Deneuve, preocupadas com o impacto moral do momento.

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