Colectivo de curadores com Grada Kilomba dirige próxima Bienal de São Paulo

A artista portuguesa, juntamente com curadores como Manuel Borja-Villel, foi escolhida para seleccionar os artistas da 35.ª edição da bienal brasileira.

Foto
A artista Grada Kilomba no MAAT em 2021, onde apresentou a exposição O Barco Joao Hasselberg

Um colectivo de quatro curadores que incluiu a artista e investigadora portuguesa Grada Kilomba e o director do Museo Nacional Reina Sofía (Madrid), Manuel Borja-Villel, vai comissariar a próxima edição da Bienal de São Paulo, no Brasil, que se realizará em 2023, noticiaram os jornais brasileiros. O colectivo de curadores incluiu ainda Diane Lima e Hélio Menezes, duas das principais vozes de uma recente geração de curadores brasileiros negros.

No próximo ano, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que é um dos palcos mais importantes do pensamento curatorial e artístico do hemisfério Sul,​ terá a sua 35.ª edição.

Grada Kilomba, que vive e trabalha em Berlim, tem uma obra multidisciplinar centrada na descolonização do discurso que conheceu uma crescente visibilidade internacional nos últimos anos. O espanhol Manuel Borja-Villel é um dos mais influentes directores de uma instituição europeia que tem trabalhado para dar visibilidade à arte latino-americana e aos discursos não dominantes.

Com uma proposta intitulada As Coreografias do Impossível, foram os quatro curadores que se propuseram como colectivo à Fundação Bienal de São Paulo, responsável pela escolha da equipa curatorial, num formato sem curador principal que não é inédito na história das bienais, disse José Olympio da Veiga Pereira, presidente da instituição, citado pelo comunicado da bienal, acrescentando que esta foi a melhor proposta que receberam para a próxima edição.

Foto
Em cima, Manuel Borja-Villel e Grada Kilomba; em baixo, Diane Lima e Hélio Menezes DR

“A ideia de formar um grupo com uma relação horizontal foi uma sugestão da equipa de curadores que será parte integral da 35.ª bienal”, afirmou igualmente José Olympio, que considerou a proposta “ambiciosa e intrigante”. O modelo sem curador chefe foi já foi adoptado pelas edições de 1989, 2010 e 2014.

A última Bienal de São Paulo teve como curador principal o italiano Jacopo Crivelli Visconti, numa equipa que contou também com a participação de Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi, Ruth Estévez e Paulo Miyada. Na 34.ª edição estiveram presentes os artistas portugueses Luísa Cunha e a dupla composta por Mariana Caló e Francisco Queimadela.

Recorde-se que Grada Kilomba foi uma das artistas escolhidas para participar no concurso por convites organizado pela Direcção-Geral das Artes para escolher a representação portuguesa na Bienal de Arte de Veneza, que decorrerá em Abril. A equipa em que participava, com curadoria de Bruno Leitão, recorreu do resultado do concurso que deu o primeiro lugar à candidatura de Pedro Neves Marques, contestando em particular as notas atribuídas por um dos membros do júri à artista. Foram apresentados dois recursos, o último dos quais à ministra da Cultura, que tiveram algum eco na imprensa internacional, nomeadamente na brasileira, com uma série de figuras do meio cultural a apoiarem a contestação da equipa de Grada Kilomba e Bruno Leitão.

Contactada pelo PÚBLICO, a artista Grada Kilomba não quis prestar declarações.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários